A força de Eliane Giardini na pele de Zana é inegável. Em 'Dois Irmãos', exibida após 'A Lei do Amor', na Globo, a mãe dos gêmeos Omar e Yaqub (Cauã Reymond) é quem comanda a família. Ela é a figura que domina e segrega o espaço familiar, abandonando aos poucos o marido Halim (Antonio Calloni/Antonio Fagundes) e colocando na sua sombra a filha caçula, Rânia (Bruna Caram).
Na entrevista a seguir, a atriz de 64 anos fala sobre a obsessão de Zana por um dos gêmeos, as diferenças entre cada fase da personagem e qual foi o momento mais doloroso de gravar na minissérie de Maria Camargo, baseada na obra de mesmo nome de Milton Hatoum. Além disso, Eliane revela detalhes do processo de preparação do elenco e como foi dividir o papel com Juliana Paes e Gabriella Mustafá.
Em 'Dois Irmãos', Zana tem noção do quanto a predileção dela por um dos gêmeos os afasta?
ELIANE GIARDINI - Acho que Zana não tem essa consciência de que está criando um abismo entre os filhos. Ela não é uma mulher que para por um momento para refletir, é uma pessoa de ação. Vai fazendo e as consequências vão chegando. Então, vai lidando com elas e a situação piora cada vez mais.
A sua fase como Zana é bem distinta das anteriores?
ELIANE - Sim. A primeira é de encantamento, porque encontrou o amor da vida dela e vai construir uma família. Juliana (Paes) já pega os primeiros conflitos e enfrenta o principal, que é o da partida de um dos gêmeos. E a minha parte é aquela em que Zana lida com as consequências de todas essas escolhas anteriores. Às vezes, eu ficava com raiva dela.
Para você, qual foi o momento mais doloroso da personagem?
ELIANE - Dentro da minha fase, a personagem também passa por mudanças. A mais dolorosa, acho, é quando ela já está viúva e com o filho demente. Eu fico arrepiada só de falar. Ela vai junto com o Omar para o fundo do poço. Se ele for pro quinto dos infernos, ela vai junto.
Como foi sua preparação para esse papel?
ELIANE - Tive muito tempo. Fiquei sabendo que ia fazer um ano antes de começarmos a gravar. Li duzentas vezes o livro. E, todas as vezes, entendia uma coisa que não tinha visto ainda. Parecia sempre uma história nova. Assisti a filmes e li tragédias gregas, porque achei que tinha proximidade com a personagem. Elas me ajudaram a ver a profundidade desse conflito É muito difícil fazer drama. Depois, quando começou o processo mesmo, tivemos acesso a muitas informações. Desde aprender a fazer algumas comidas árabes até a dançar, além do que ouvimos em palestras e exercícios de improvisação. Foi um trabalho bem intenso para dez capítulos, sete meses de trabalho árduo.
Como foi dividir a mesma personagem com outras atrizes?
ELIANE - Fizemos muita improvisação juntas, nós três, além das que tive com o Calloni. Todas misturadas, com cenas das três fases. É uma forma de você passar pela história toda. Mas não tivemos uma preocupação em buscar semelhanças físicas. Nos concentramos no temperamento e na temperatura. Escolhi algumas cenas para assistir, como o nascimento dos gêmeos e a partida deles. Vi para ter essas memórias mesmo.