Mais uma vez, o público vai rever, a partir desta segunda-feira (13), a novela Senhora do Destino nas tardes da Globo, na faixa do Vale a Pena Ver de Novo. Falar da trama sem lembrar de Nazaré Tedesco, a icônica vilã de Renata Sorrah, é quase um disparate. Ao Jornal do Commercio, a atriz falou da nova reprise e sua relação com a eterna maquiavélica.
JORNAL DO COMMERCIO – Esta é a segunda reprise de Senhora do Destino em menos de dez anos. Como você recebeu a notícia da nova exibição?
RENATA SORRAH – Fiquei muito feliz! Na verdade, a Nazaré nunca foi esquecida, mesmo dez anos depois da primeira exibição da novela. Ela permanece viva e muito presente na vida das pessoas com os memes e tudo isso que a internet nos proporciona. Eu costumo dizer que a personagem ganhou vida própria, ela não me pertence mais. A Nazaré está aí, tem vida própria. É um personagem que me dá muita alegria até hoje. Ao longo da minha carreira eu tive alguns personagens que eu amei fazer e a Nazaré, sem dúvida, foi uma delas.
JC – Mais que a volta da novela, o público das redes sociais tem vibrado pelo retorno de Nazaré Tedesco. Você tem sentido essa empolgação?
RENATA – Nazaré foi um presente, um personagem maravilhoso que eu ganhei do Aguinaldo Silva. Ele me deu vários personagens maravilhosos e esse foi demais. O que eu não esperava é que depois de tanto tempo esse personagem permanecesse no imaginário das pessoas, muito por causa dos memes que circulam nas redes sociais até hoje. Muitos jovens, que não têm idade para ter assistido a novela, conhecem a Nazaré por causa da internet. Eu acho isso tão engraçado, uma loucura. E isso foi transformador na minha carreira. Desde que eu fiz a Nazaré, não existe mais um tempo em que fiquei sem trabalhar. Se não estou fazendo teatro ou novela, meu tempo está sempre preenchido por essa personagem, é incrível isso.
JC – Nazaré Tedesco é uma vilã que adoramos detestar. Você tinha noção na época que ela teria tamanha visibilidade?
RENATA – O que a Nazaré tem de diferente das outras vilãs é o humor. Essa foi a grande sacada do Aguinaldo. Ela é muito engraçada e os planos dela não davam certo. Isso humaniza a personagem, aproxima. Assim como as outras vilãs, ela não tinha ética nenhuma e fazia coisas horrorosas, mas as coisas não davam certo e isso era muito bom. A autoestima dela também, se achando incrível, e o bom humor ajudaram no sucesso da personagem. A Nazaré é corajosa, muito apaixonante de se fazer. Ela não tinha regras, nem limites. Mas gostava de viver e tinha um lado lúdico bem interessante. É um personagem muito bom de se fazer, uma dessas grandes vilãs.
JC – Qual cena da personagem é a mais inesquecível pra você?
RENATA – É muito difícil escolher uma. Foram tantas coisas interessantes que é difícil escolher. O que fazia muito sucesso, principalmente entre as mulheres maduras, era a autoestima dela, o fato dela se olhar no espelho e se achar o máximo, incrível, maravilhosa. Todo mundo adorava.
JC – Como era o clima das gravações da novela em 2004?
RENATA – Estávamos todos tão alinhados, elenco, direção, atores, que não tinha como não dar muito certo. Ninguém faz um sucesso sozinho, então foi uma conjunção de fatores. O elenco era de primeira, todo mundo se dava muito bem. O nosso núcleo era incrível, tinha Leandra Leal, José de Abreu, Manu Valle, Carolina Dieckmann... Assim como os nossos antagonistas, que eram a Susana (Vieira), que fazia lindamente a Maria do Carmo, todos os filhos, tínhamos um prazer enorme em fazer a novela. Eu e Susana temos muito respeito uma pela outra. A Carolina, nós nunca tínhamos trabalhado juntas, mas ficamos amicíssimas até hoje. Tivemos uma ligação tão forte, ela fazendo a filha e eu a mãe, que ficou um respeito, um amor, pra vida toda. Conquistamos uma relação pra vida mesmo. O (José) Wilker, com aquele personagem incrível, tão divertido. Nós contracenamos pouco na novela, éramos de núcleos diferentes. Mas éramos muito amigos, trabalhamos muito juntos.
JC – Você se incomoda por ter ficado marcada pela personagem?
RENATA – Imagina. Até hoje as pessoas lembram muito da Nazaré Tedesco e da Heleninha Roitman, de Vale Tudo, uma novela primorosa também. Eu adoro. É ótimo ver que, depois de tanto tempo, os personagens continuam sendo tão lembrados pelas pessoas.