Você sabia que o dia 31 de outubro aqui no Brasil é comemorado o Dia do Saci Pererê? Pois é, para valorizar o folclore nacional em contrapartida ao Halloween, o menino negro, travesso, de uma perna só e gorro vermelho ganhou um dia só seu. A data foi instituída pelo Projeto de Lei Federal nº 2.479, em 2003, e elaborada pela Comissão de Educação e Cultura.
A sugestão para criar a data partiu de um grupo de entusiastas da cultura popular preocupados com o resgate da mitologia e da cultura brasileira. A ideia surgiu lá em São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, depois de um grupo de apaixonados por sacis se reunir e criar a Sociedade dos Observadores do Saci (Sosaci).
Segundo Mário Cândido da Silva Filho, presidente da Sosaci, em entrevista a TV Brasil, a lenda tem origem indígena. “O Saci era uma criança indígena que protegia a natureza, mas também fazia muita traquinagem. Com a chegada dos negros no Brasil, com a escravidão, eles apropriaram-se desse mito e tornaram o curumim em uma criança negra”.
Como a maioria dos mitos, o do Saci começou a circular de forma oral e ganhou força quando o escritor Monteiro Lobato publicou, em 1921, o livro O Saci-Pererê. Já em 1977, o garoto do gorro vermelho ganhou as telinhas com o seriado Sítio do Picapau Amarelo, da Rede Globo.
No Projeto de Lei é decretado que o Poder Executivo “introduza em seu calendário de eventos atividades que promovam a divulgação da data em todo o País”. No entanto, pouco se sabe sobre o dia. “Não há uma disseminação maior desse dia porque não há grande interesse ou demanda da população. É válido propagar nas escolas em nível de conhecimento e valorização da cultura popular, mas é preciso entender que o Dia do Saci não precisa anular o Halloween ou vice-versa”, opina a pesquisadora em Cultura Popular Carmem Lélis.
Apesar de não ser tão lembrado no dia 31 de outubro, o Saci ganha destaque no dia 22 de agosto, data em que se comemora o Dia do Folclore. Na ocasião, ele divide os holofotes com outros personagens ilustres da cultura brasileira como a curupira, a mula sem cabeça e o lobisomem.