Marlos Nobre estreia à frente da Orquestra Sinfônica do Recife

Retomada da temporada de 2013 marca também a estreia de 20 jovens músicos incorporados, origundos da Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música e do Centro de Criatividade Musical do Recife
João Marcelo Melo
Publicado em 28/08/2013 às 11:24
Retomada da temporada de 2013 marca também a estreia de 20 jovens músicos incorporados, origundos da Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música e do Centro de Criatividade Musical do Recife Foto: Edmar Melo/JC Imagem


O maestro Marlos Nobre faz hoje, às 20h, no Teatro de Santa Isabel, seu primeiro concerto à frente da Orquestra Sinfônica do Recife (OSR). “É como se fosse uma estreia, não somente minha, mas também da nova OSR”, diz, demonstrando entusiasmo surpreendente para um regente já consagrado nos principais palcos internacionais da música erudita. Sua missão, nada fácil, é resgatar a credibilidade da orquestra.

Nobre assumiu o comando da OSR há dois meses, após longa crise interna que culminou com o afastamento do maestro Osman Gioia, seu antecessor. Nesse período, teve efetivamente pouco mais de um mês à frente dos ensaios, uma vez que precisou cumprir compromissos acertados anteriormente, como uma reunião do conselho de música da Unesco, em Paris, e uma apresentação em São Paulo com a Orquestra Bachiana, do maestro João Carlos Martins.

“Estou seguro de que a Sinfônica irá corresponder à expectativa. Senti uma resposta tremenda no ânimo dos músicos. O som já é outro do que quando eu cheguei”, diz um confiante Nobre, que define seu estilo de liderança como “docemente autoritário”. “Detesto o regente déspota. Existem muitos que têm complexo de guerreiro, usam a batuta como uma espada prestes a ser cravada no peito do músico. Eu, não; sou carinhoso com eles, mas sem perder o pulso.”

 Nobre diz ter selecionado um repertório desafiador. “Sei que há uma expectativa e quero mostrar o que foi possível fazer em um mês.” O concerto terá início com o Hino Brasileiro, seguido da Abertura Egmont Opus 84, de Beethoven. Na sequência, será apresentado o Concerto para piano e orquestra nº27 em Si bemol maior, que marcou a estreia da pianista Elyanna Caldas como solista no palco do Teatro de Santa Isabel, há 54 anos. Na noite de hoje, ela volta a executar a peça, no mesmo palco e acompanhada pela mesma orquestra.

O concerto desta noite também será de estreia para 20 jovens músicos incorporados à Orquestra Sinfônica do Recife (OSR) para o restante da temporada 2013. Diante da impossibilidade de realizar concurso ainda este ano, a chegada desses instrumentistas, oriundos da Sinfônica Jovem do Conservatório e do Centro de Criatividade Musical do Recife, foi a solução encontrada para suprir a defasagem de pessoal que afeta a orquestra.

Sem abrir seleção para novos músicos há mais de 20 anos, a OSR é o reflexo de um padrão que se estabeleceu no Estado: “É incompreensível que a Sinfônica fique tanto tempo sem realizar concurso. Estamos formando músicos para perdê-los para orquestras da periferia do País”, diz o maestro Marlos Nobre, preocupado com a renovação da OSR. Segundo ele, a média de idade dos músicos está entre 45 e 50 anos. No primeiro semestre deste ano, nada menos que nove músicos pernambucanos participaram da seleção promovida pela Sinfônica de Goiânia – sete foram aprovados.

Ao longo período sem concursos na Sinfônica do Recife, soma-se um nível salarial abaixo da média nacional. “O salário da OSR não só é o mais baixo do País como é o mais ridículo”, diz Nobre. “E não me refiro a Rio ou São Paulo. Em Sergipe, chega a R$ 4,8 mil. Em Alagoas, R$ 4,5 mil. O nosso alcança R$ 2,5 mil graças a uma gratificação que corresponde a quase metade deste valor.”

Há dois meses, quando assumiu a direção artística da Sinfônica, Nobre estabeleceu como uma das prioridades lutar pelo plano de cargos e carreira proposto pelos músicos. Recentemente, encaminhou à Secretaria de Cultura algumas demandas essenciais, como a aquisição de alguns instrumentos e de um arquivo digital de partituras.

 

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