Mostra Play The Movie apresenta filmes com trilha sonora ao vivo no Cinema São Luiz

A banda Rua, que inicia os cineconcertos fala sobre a experiência
Alef Pontes
Publicado em 30/09/2014 às 6:56
A banda Rua, que inicia os cineconcertos fala sobre a experiência Foto: Flora Pimentel/Divulgação


O diálogo da música com outras linguagens já é algo natural no trabalho da banda Rua, que nesta terça-feira (30), a partir das 21h, mergulha no universo do audiovisual em um concerto durante a noite de abertura da mostra Play The Movie, que integra as atividades do festival No Ar Coquetel Molotov. Por lá, eles apresentam ao vivo, a trilha sonora do filme Finisterrae, do diretor espanhol Sergio Caballero.

Segundo Caio Lima, vocalista da banda Rua, a apresentação é, na verdade, uma continuidade do trabalho do grupo, o que resulta em algo muito natural. “Quando assistimos o filme de Caballero, percebemos que ele não apenas já dialogava bastante com a linguagem poética que empregamos em nossa sonoridade, mas também o seu próprio enredo trabalha uma história muito parecida com a de nosso trabalho mais recente, Limbo”, explica. O filme mostra a história de dois fantasmas que, cansados de vagar pelo limbo, decidem iniciar uma jornada pelo Caminho de Santiago, até o fim do mundo, acreditando que lá eles poderão se tornar seres vivos. “Há também uma questão estética muito forte, de planos abertos e longos, muito espaço e silêncio, que é muito parecida com a maneira que pensamos visualmente o álbum”, complementa o músico.

Para o concerto, a banda teve que iniciar um processo pesquisa e adaptação, que permitisse uma maior sincronia – temporal e contextual – com as imagens, preservando alguns elementos que o grupo considerou fundamentais. “O próprio cineasta teve uma preocupação muito grande com a música em sua obra, então, nós não podíamos apenas chegar e fazer uma trilha em cima do que já existia. Optamos por fazer algo diferente, nós incorporamos elementos que já existiam à nossa música, realizando, na verdade, uma mescla, para criar algo diferente”, explica Yuri Pimentel, baixista da banda. “Mais do que play the movie – tocar o filme, em tradução livre – nós vamos play with the movie – tocar com o filme”, brinca Caio.

“Essa relação com outras linguagens é fundamental para construir a sonoridade da Rua, fazendo com que a gente atualizasse nossas referências e possibilitando que a gente trabalhasse a questão polifônica, uma pesquisa que já realizamos há algum tempo. Nós já tínhamos construído a trilha de um espetáculo de dança, e essa experiência trouxe uma outra dimensão para a nossa música. A percepção dos movimentos da dança nos fez construir uma outra perspectiva sobre nosso trabalho, e eu acredito que com o cinema será semelhante”, revela Caio Lima, citando a trilha do espetáculo Dark room.

Além do novo disco, a banda promete um pouco do repertório de Do Absurdo, e não descarta a possibilidade de algo diferente. “Sempre pode sair alguma novidade”, diz Yuri.

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