SÃO PAULO - Na penúltima música de seu show no Rock in Rio, Redneck, o vocalista do grupo norte-americano Lamb of God, Randy Blythe, pediu à plateia que fizesse "a maior roda que o Rock in Rio já viu". E o público obedeceu, formando um imenso círculo de pogo na frente do palco, onde centenas de pessoas correram, pularam e empurraram uns aos outros. Se foi a maior roda da história do festival ninguém sabe, mas foi um momento bonito e emocionante, que coroou um show dos mais intensos e pesados do Rock in Rio até agora.
Formado em 1994 no estado da Virginia, na costa leste dos estados Unidos, o Lamb of God tem uma longa história de participação em festivais e excursionou muito nas últimas duas décadas, o que explica a perfeita interação entre os músicos e a grande qualidade sonora da banda.
Mesmo quem não conhecia uma música do grupo ficou impressionado com a performance do quinteto, formado, além de Blythe, pelos guitarristas Willie Adler e Mike Morton, pelo excelente baterista Chris Adler, irmão de Willie, e pelo baixista John Campbell.
O Lamb of God tem oito discos de estúdio e faz uma poderosa mistura de metal e hardcore. Nos shows, um telão exibe imagens violentas e sangrentas - cenas de guerras no Vietnã e Afeganistão, imagens de campos de concentração nazistas na Segunda Guerra, manifestações de rua, os assassinatos de John Kennedy e Martin Luther King - que complementam visualmente as letras sempre agressivas de Blythe.
Em 512, ele canta sobre uma experiência trágica que quase acabou com a banda: em 2010, durante um show na República Tcheca, o cantor empurrou um fã de 19 anos que havia subido no palco. O rapaz caiu no chão e bateu a cabeça, mas continuou curtindo o show.
Horas depois, no caminho de casa, passou mal e morreu. Blythe só ficou sabendo da morte do fã dois anos depois, quando foi preso pela polícia tcheca numa escala de voo em Praga. O cantor ficou preso por 38 dias e acabou inocentado pelo júri. 512 é o número da cela de Blythe.