O cantor e compositor Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974) já foi interpretado por muitos gigantes da música brasileira em shows especiais – mais recentemente, por Arrigo Barnabé e Elza Soares. Hoje é a vez do gaúcho ganhar um sotaque nordestino na voz de Josildo Sá, que apresenta Nervos de Aço, às 22h, na Rouge.
O show é um projeto de Josildo paralelo ao Samba de Latada. “A Rouge fez o convite e eu queria fazer algo diferente, mais intimista”, conta o forrozeiro. “Meu maestro Adilson Bandeira sugeriu Lupicínio e abracei a causa rapidinho porque faz parte da minha infância e da minha adolescência. Em Tacaratu, cidade onde cresci, tinha uma loja que todas as tardes botava um som e tocava muito Lupicínio, Waldick Soriano, Pixinguinha, Dorival Caymmi... tudo aquilo que hoje chamam de seresta. E na adolescência eu também cantava isso, fazia serenata pela rua”.
Além de Nervos de Aço, Nunca, Volta, Se Acaso Você Chegasse, Folha Morta e outros clássicos da dor de cotovelo de Lupicínio, o repertório conta com outros artistas próximos deste universo, o desencanto de paixões intensas. Tem também Waldick Soriano (Tortura de Amor), Adelino Moreira (Negue e Fica Comigo Esta Noite), Pixinguinha (Carinhoso), Nelson Cavaquinho (Luz Negra), Ari Barroso (Molambo) e mesmo Adoniram Barbosa (Samba do Arnesto e Saudosa Maloca), todos em versões rearranjadas.
“Eu tive que me desconstruir para construir essa outra história, que é um projeto paralelo, mas levado muito a sério. Agora estou até fazendo aula de canto”, ressalta Josildo. “No forró, cantamos a alegria, a festa. E é muito bom cantar também o amor e a desilusão (que só existe quando há um amor muito grande), mas é um desafio técnico e emocional pro cantor. É preciso do lado técnico pra transmitir a emoção às pessoas”, avalia.
LATADA
Neste ano completa-se dez anos do lançamento de Samba de Latada, aclamado álbum de Josildo Sá com o clarinetista Paulo Moura. Para comemorar, Josildo lançará entre setembro e novembro um DVD especial. O material inclui 15 músicas gravadas em estúdio mescladas com imagens de Tacaratu e depoimentos de amigos, dando um tom de documentário ao vídeo.
“As imagens da minha cidade mostram a questão da religiosidade indígena (é a única cidade em que os índios celebram a missa na igreja); a cultura dos vaqueiros, a banda de pífanos... É uma síntese da minha carreira. Desde o frevo, onde comecei, até o forró e a toada”, explica.