A banda é de Brasília, mas com pontualidade britânica. À meia-noite e ponto, o público recifense foi convidado a participar da festa de 30 anos da Legião Urbana, algo tão esperado por Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, os anfitriões vivos e originais da festa. Ao som de Será? - assim como a primeira faixa do primeiro disco da banda formada por eles mais os Renatos Rocha e Russo - as mais de 10 mil pessoas faziam um coro apaixonado e estavam dispostos a fazer daquela noite inesquecível. A banda Mundo Livre S/A, encarregada pela abertura, fez uma apresentação enxuta, que terminou bem antes do horário previsto.
O primeiro bloco do show, que contemplou o repertório do disco de estreia da banda, foi arrasador. Além de poder ouvir Dado Villa-Lobos cantando, revelou-se uma grata surpresa os vocais de André Frateschi. Fã declarado do conjunto (ele afirmou isso no palco), o ator e cantor surpreendeu pela energia, simpatia e performances bem executadas. Ele não era o Renato Russo, tampouco fez questão de ser, e ganhou o público da mesma forma, que se entregou às suas interpretações a faixas como Ainda é Cedo, Geração Coca-Cola e Baader-Meinhof Blues.
#JCCultura "Amar ao próximo é tão démodé..." #LegiãoUrbanaXXXAnos pic.twitter.com/acTG5QE3nY
— Jornal do Commercio (@jc_pe) 28 de maio de 2016
Ao som de Por Enquanto (um dos momentos mais bonitos do show), o primeiro momento foi encerrado. E após um depoimento em off de Russo, deu-se início ao bloco de sucessos dos brasilienses. Foi o espaço para executar canções como Há Tempos, Teatro dos Vampiros, Pais e Filhos e Índios. Dado Villa-Lobos ainda trouxe como convidados o "torcedor do Santa Cruz" Cannibal e os cantores Jonnata Doll e Marina Franco.
Faroeste Caboclo e Que País é esse? encerraram este show de rock atípico, em que a tranquilidade imperou nas duas horas e vinte de apresentação. A divisão entre "área vip" e "arena" era quase imperceptível tamanha a sintonia que os fãs demonstravam ao cantar cada verso das canções e gritar "Uh! Uh! É Legião" entre uma faixa e outra, sem nenhuma alteração, brigas e nem mesmo as "rodas de pogo". Não era um show de camisas pretas, e sim, de todas as cores e idades que celebraram pacificamente os trinta anos de uma das bandas mais emblemáticas do rock nacional.