GARANHUNS (PE) - A sétima noite do 26º Festival de Inverno de Garanhuns foi praticamente, e no bom sentido, dominada por Alceu Valença. Nessa quarta-feira (27), o cantor se apresentou em dose dupla na cidade do Agreste de Pernambuco, exibindo o seu filme A Luneta do Tempo e cantando no palco principal da festa, na praça Mestre Dominguinhos.
Foi a primeira vez que Alceu mostrou no interior do Estado o longa-metragem dirigido e roteirizado por ele. O filme, influenciado pela literatura de cordel, se passa no Agreste pernambucano e conta com personagens cangaceiros, palhaços de circo mambembe e artistas populares. Personagens que habitam a memória afetiva do músico.
A sessão especial e gratuita aconteceu no Cine Eldorado, Centro de Garanhuns, para uma plateia lotada. Após a exibição, Alceu Valença conversou com o público. Além de falar sobre o processo criativo do filme, o cantor também fez críticas ao circuito comercial de cinema que, para ele, é injusto.
“Estou feliz de estar aqui em Garanhuns, porque morei aqui na infância. E fico feliz de exibir o filme aqui, porque quase não tem cinema mais no interior”, disse Alceu. “O filme teve uma crítica muito boa, inclusive internacional, mas quase não passa no Brasil, porque falta sala. No Rio de Janeiro, só tinha duas salas para ele, enquanto tudo tava ocupado por Batman e Superman”, reclamou. “Está tudo dominado.”
Mais tarde, Alceu reuniu uma multidão de gente na praça Mestre Dominguinhos -- principal polo do FIG 2016 -- para assistir ao seu show. Na apresentação, que começou por volta da meia-noite, ele revisitou clássicos de suas carreira, iniciando com forró e encerrando em ritmo de Carnaval.
O repertório incluiu desde Táxi Lunar a Voltei, Recife. A pateia, claro, não parou um só minuto e acompanhou em coro as canções.
Novamente crítico, Alceu elogiou a cultura popular do Brasil e alfinetou a indústria fonográfica que tem produzido as chamadas “música de plástico”. "Vou fundar uma igreja. Uma congregação contra a música chula", brincou o cantor, emendando piadas contra refrões vazios como “a muriçoca soca, soca.”
>> O repórter viajou a convite da Secretaria de Cultura de Pernambuco.