Mexidinho lança álbum apostando na música de qualidade

Grupo busca inspiração nas ruas do Recife
JOSÉ TELES
Publicado em 17/01/2018 às 12:45
Grupo busca inspiração nas ruas do Recife Foto: Foto: Marcelo Soares/Divulgação


Rua Canção, primeiro álbum do grupo Mexidinho, bem que poderia se chamar Arruar, igual ao clássico de Mario Sette, sobre as ruas e logradouros do Recife. A banda, que lança o disco hoje, a partir das 19h, na Passa Disco, recebe inspiração das ruas da cidade, onde Olívia Fancello conheceu Maneco Baccarelli: “A gente se encontrava ali perto do Teatro do Parque. Conheci Maneco e a partir daí começamos a fazer música. Foi chegando mais gente, Rodrigo Gondão, Labá (o fotógrafo Ricardo Labastier), Heudes Regis (fotógrafo deste JC), Uns saíram, outros entraram. O nome Mexidinho vem desta rotatividade”, conta Olívia.

Olívia (voz, violão) e Maneco Baccarelli (violão, voz), contando com Forllan (guitarra, banjo, gaita e berimbau), Emanuel Epaminondas (baixo), Jose Martins (bateria) e Rodrigo Gondão (percussão e efeitos) é a formação fixa do grupo. Mais Eudes Régis, por falta de tempo de seguir com o grupo em turnê, toca em todas as faixas do álbum (bateria ou percussão), Durante as gravações, nos estúdios Fábrica, Fruta Pão e Muzak, foram aparecendo músicos, entre outros, o percussionista Gilú Amaral (Orquestra Contemporânea de Olinda), e o trompetista Roberto Patrício (Orquestra da Bomba do Hemetério). A produção é assinada por Juliano Holanda, que também toca no disco.

Nascido em 2011, o grupo lançou um EP, em 2014, gancho para cair na estrada: “A gente fez mil cópias do EP que foi vendida toda, fizemos mais mil. O EP tem cinco canções, que estão todas em Rua Canção, com mais cinco novas. São músicas que o público já conhece bem, mas neste disco estão com outra sonoridade. Como foi um projeto do Funcultura, pudemos fazer em outras condições”, diz Olívia Fancello, nascida em São Paulo, mas desde os três anos no Recife.

Ela assina nove das dez faixas do álbum, a maioria em parceria, com Maneco Baccarelli, Rodrigo Gondão, Renata Santana e Ana Maria Pereira. Mas a cantora do Mexidinho enfatiza o trabalho do grupo, afirmando que não é compositora. Está compositora: “Não sou aquela pessoa que acorda de manhã, pega o violão e vai fazer música. Eu fazia melodias, mas foi com Maneco que comecei a fazer também letra”.

DISCO

O Mexidinho aposta na canção, ou seja, emprega melodias de harmonias elaboradas, boas letras, arranjos instrumentais e vocais engenhosos. Isto o alinha à música que vem sendo produzida pelo produtor Juliano e uma turma de intérpretes, autores e instrumentistas que trabalham com ele: “Há uma certa afinidades entre o que fazemos e a turma de Juliano pelo fato de prezarmos muito a canção e utilizarmos ritmos pernambucanos. No disco tem, por exemplo, uma ciranda, Praia do Sol, que fez muito sucesso quando cantamos em São Paulo”, comenta Olívia, citando umas das faixas que se destacam no disco: “Bombeiros amansam a brasa Nicarágua/ geada nos Andes, nevasca na Suécia/ tufão tem no Japão, granizo no meu violão... enquanto isso faz sol em Barra de Jangada” com citação do clássico da ciranda: “Cirandeiro, cirandeiro ó/ a pedra do seu anel/ brilha mais do que o sol”.

O álbum do Mexidinho insere-se na prateleira da MPB em geral, e da MPP (música popular pernambucana), em particular. Embora tenha uns lances de funk, com metais, e um baixão na marcação (E Somente Estas, de Gondão), ou reggae (Os Olhos Dela, de Carlos Carlos), o disco é basicamente por ritmos pernambucanos – baião, frevo, ciranda, toadas, mas com o toque do Mexidinho. Ou seja, grandes melodias e harmonias vocais e arranjos primorosos. Rua Canção mantém-se no mesmo nível de qualidade da primeira à ultima faixa, respectivamente, Aurora (Olívia Fancello) e Devoção (Olívia Fancello e Ana Maria Pereira).

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