Maestro Forró prestará homenagem a Marcelo Yuka

Com a OPBH ele participará da abertura do Carnaval
JOSÉ TELES
Publicado em 04/02/2019 às 10:47
Com a OPBH ele participará da abertura do Carnaval Foto: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem


O músico Marcelo Yuka, falecido este ano, será homenageado pela Orquestra Popular da Bomba do Hemetério no show que fará na abertura do Carnaval do Recife, na sexta, 1º de março. “Ele foi um cara que combatia as injustiças, a violência em sua música, e morreu em consequência da violência. Escrevemos um arranjo especial para Minha Alma, a música que ele fez com O Rappa”, conta o maestro Forró, referente da OPBH, que montou um espetáculo intitulado Efervescência, que terá também uma homenagem ao samba, com participação dos homenageados do Carnaval do Recife em 2019, Belo Xis e Gerlane Lops. Mas não faltará frevo, com os convidados Almir Rouche e Nena Queiroga.

Francisco Amâncio da Silva recebeu o apelido Forró, aos 12 anos do seu professor de música, por tocar músicas de Luiz Gonzaga, nunca mostrou aptidões para a sanfona. No palco do Marco Zero, ostentará um trompete vistoso, feito especialmente para ele, sob medida, por um dos mais conhecidos artesãos do instrumento nos EUA, David Monette, que trabalha por encomenda e tem clientes como Wynton Marsalis e Terence Blanchard: “Fui dar uma palestra em Los Angeles, e aproveitei para conhecer o ateliê dele em Portland, que fica a duas horas meia de avião. Queria que ele desse uma geral no meu antigo instrumento, também um Monette que comprei de um músico brasileiro. Também tive aulas com ele de ioga e relaxamento neuromuscular, ele é um cara místico. Enquanto estive lá, toquei em várias relíquias, como por exemplo no trompete que David fez Art Farmer. Em algum momento, ao me ouvir tocar, ele disse que precisava fazer um trompete especialmente pra mim. Eu perguntei como iria pagar, porque os instrumentos são muito caros. Ele disse: o universo vai decidir”.

O luthier começou a construir o trompete em agosto de 2017 e concluiu em abril de 2018. Forró viajou para os EUA para receber o instrumento, pelo qual Monette fez um precinho camarada: “Bem abaixo do que cobra normalmente. Paguei a ele vendendo o outro Monette que possuía, completando com o dinheiro que tinha. Prefiro não dizer quanto custa um trompete destes, mas não é barato”, desconversa o maestro. Apontando detalhes como estrelas vazadas no corpo do trompete: “Parece que é só decoração, mas servem para aumentar a potência do som do instrumento, que é muito pesado, mas soa dez vezes mais poderoso do que um trompete comum”. Abaixo do nome do ateliê de David Monette um “Raja Tantra Samadhi”, o luthier usa expressões pinçadas dos seus estudos da filosofia indiana para batizar os instrumentos (detalhes da construção deste trompete podem ser conferidas no perfil do Facebook do luthier, @David Monette Trumpets).

TRICOLORES

Capiba, Edson Rodrigues, Maestro Spok, Zé Menezes, Nelson Ferreira e o Maestro Forró não comungam entre si apenas o frevo. Todos são apaixonados pelo Santa Cruz. Por ocasião das comemorações pelo centenário do frevo, em 2007, o maestro Forró trabalhou nos arranjos do musical Carnaval desceu do Céu, do astrólogo Eduardo Maia, apresentado no Teatro de Santa Isabel “Ele pegou doze músicas, uma pra cá da signo, que ele chamava de mapa do céu do frevo, inclusive eu e os músicos da orquestra tivemos até aulas de astrologia. Quando foi feita a escolha dos frevos, descobriu-se que Nelson Ferreira não tinha um frevo de rua dedicado ao Santa Cruz. Havia duas versões para explicar isso. Ele fazia música por encomenda ou temeu fazer e não ficar à altura dos que foram feitos para o Náutico e Sport (o do Náutico é um clássico do gênero, Come e Dorme, composto pelo maestro Nelson Ferreira”, relembra o maestro.

“Maia disse que eu precisava fazer um frevo pro time pra preencher a lacuna. Fomos falar com Luiz Carlos, filho de Nelson Ferreira, que concordou, em que eu pegasse a introdução do frevo canção Qual Será o Escore, Meu Bem? (parceria com Ziul Matos), que cita Náutico, Santa e Sport. Luis Carlos autorizou, e completei a música, que batizei Vulcão Tricolor, doada ao Santa Cruz durante uma solenidade no clube”, conclui Forró.

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