Mundo Livre toca, na íntegra, "Samba esquema noise" no Rec-Beat

Marco do manguebeat, o disco da MLSA completa 20 anos
JOSÉ TELES
Publicado em 22/02/2014 às 6:25


A plateia do Rec-Beat, no domingo de Carnaval, terá o privilégio de assistir a Mundo Livre S/A repassar na íntegra o clássico Samba esquema noise, no ano em que o manguebeat celebra os 20 anos do disco inaugural Da lama ao caos, de Chico Science & Nação Zumbi (ambos foram lançados com diferença de poucos meses). Líder da MLSA, Fred Zeroquatro participa neste sábado (22/2) da prévia do Bloco Mangue Beat, na Casa da Cidadania, no Carmo, em Olinda, em mais um esquente para a folia.

A última vez que a Mundo Livre apresentou o disco ao vivo foi há cinco anos, quando o álbum completava 15 anos: “Fizemos com Buguinha o Samba Esquema Dub. Foi uma parada diferente, com alguns equipamentos analógicos, puxando um pouco para umas levadas caribenhas. A ideia era uma turnê e um DVD, mas foi abortada por motivos técnicos. Desta vez, também será diferente, porque vamos fazer com músicos que não gravaram o disco. Será o Samba esquema noise com o som que a banda tem hoje, com uma galera de metais”, adianta Fred Zeroquatro.

Duas décadas depois, ele diz que vê mais do que ouve o disco: “Vejo no YouTube alguns shows antigos. Esta é uma vantagem de hoje. Mesmo tendo desmantelado a cadeia produtiva, essas facilidades faz com que o pessoal que tem idade para ser meu filho ouça. Ouvi recentemente, fazia tempo que não ouvia. E nele fica evidente que, por um lado, a gente era muito limitado em capacidade de arranjo, por exemplo. Tem música que o final lógico não seria o que foi gravado. Se fosse compor hoje, seria de outro jeito. Hoje, quando pego o violão, minha noção de como comunicar uma ideia está mais desenvolvida”, comenta o ex-punk Fred.

Por outro lado, ele confessa que gosta do disco, porque, ao contrário da Nação Zumbi com Chico Science, que teve pouco tempo entre definir o grupo e as músicas para entrar em estúdio, a Mundo Livre desfrutou de anos para moldar o repertório: “Tivemos a sorte de passar uns dez anos com aquelas canções e longe de influência de gravadora, empresário. Então, pudemos desenvolver de forma espontânea uma linguagem própria, intuitiva”.

As duas principais bandas do manguebeat tem, ou tinham, uma sonoridade bem diferentes. Enquanto a Mundo Livre foi a evolução de duas bandas punks, a Trapaça e a Serviço Sujo, Nação Zumbi ficava entre a cultura popular, a música black americana e o rock pesado. Foi a união do mar com a maré. Os integrantes da CSNZ moravam em Olinda, Rio Doce, Casa Caiada, Chão de Estrelas, enquanto a MLSA era de Candeias, Jaboatão.  

“A gente era muito de praia, mas a Nação também curtia as praias de Olinda. Aqui no Recife, essas tribos estavam meio misturadas. Dengue surfava e chegou a fabricar pranchas. Mas a gente gostava muito de caranguejo. Em Candeias, tinha aqueles bares que vendiam, um era bem conhecido o Bar do Caranguejo. A música mais antiga de Samba esquema noise, Saldo de aratu, por exemplo, ainda é do tempo do Trapaça, a banda da gente antes da Serviço Sujo”, conta Fred.

“No Rec-Beat, a gente faz o Samba esquema noise. Tocamos também no Alto Zé do Pinho e aí vamos incluir outras coisas, como as músicas que gravamos do Nação Zumbi”, diz Fred Zeroquatro, aventando uma possibilidade (ainda não confirmada) de o show ser transmitido pelo site de streaming Deezer. Lembra também que o álbum Samba esquema noise deve receber uma edição em vinil ainda este semestre.

Confira programação completa do Rec-Beat.

(leia mais na edição impressa do Jornal do Commercio)

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