Não é a toa que a maioria dos proprietários de bares e restaurantes tradicionais se recorde dos tempos em que os clientes se enfileiravam para sentar numa das mesas dispostas dentro ou em frente aos casarões do Pátio de São Pedro. Hoje, endividados devido aos baixos ou inexistentes rendimentos, os restaurantes insistem em abrir as portas por pura teimosia.
“O que determina a movimentação são os eventos. Aqui, sem evento, é morto. Pesa muito pra gente. Aqui é um centro turístico reconhecido, e é desse jeito, abandonado. Os eventos são agora no Arsenal. Esse Festival de Jazz que aconteceu agora, lá no Parque Dona Lindu, de primeiro era aqui. É como se tivessem tirando tudo do Pátio”, reclama o proprietário do Bar Buraco do Sargento, um dos mais tradicionais do local. Paulo Roberto do Nascimento investiu R$ 60 mil na reforma do espaço, no final dos anos 1980.
Janaína Dias, que há dois anos administra o tradicional O Buraquinho, diz que o período entre festas é um martírio: “Sobrevivemos esperando a época de Carnaval, quando o pátio é pólo, assim como São João e Natal. Às vezes, estendemos um pouco na sexta-feira pra ver se rende. Mas tem dia que você vem aqui e quando dá sete da noite não se vê ninguém. A segurança só funciona em tempo de festa.”
Nelson Alexandre, que mantém há 17 anos o restaurante Canaã, compartilha da opinião da vizinha de negócio. “Não tem mais eventos como antes e, por isso, está fraco o movimento. Depois que surgiu o Marco Zero, aqui caiu muito. Estamos sendo prejudicados, pois a Prefeitura só olha pro lado de lá (apontando para o Bairro do Recife)”, afirma.
“Servimos almoço, mas não existe cliente, pois o movimento está muito fraco”, lamenta Joseilda, na janela do restaurante Aroeira. No dia em que a reportagem do Jornal do Commercio visitou o local, o almoço preparado por ela sequer havia sido provado por um cliente. “Estamos sofrendo. Porque, hoje mesmo, não entrou um cliente aqui, o Pátio está esquecido.” Joseilda aponta o motivo idêntico aos já relatados: “não mandam eventos para o Pátio de São Pedro e a gente fica sem movimentar a casa”.