Misture irreverência, selfies, criatividade, interação social e terás a receita de um aplicativo que cabe bem aos internautas brasileiros: o Dubsmash. Quando os usuários dublam temas eternizados nas vozes de personagens como Galvão Bueno ou Tiririca, estão chacoalhando a memória afetiva nacional, mais um ingrediente que explica a febre dos pequenos vídeos nas redes sociais. Como toda moda, é viral e divide opiniões. A brincadeira é tão simples, e possui um feedback tão rápido, que tem gente que não consegue parar.
Depois de baixado o aplicativo, é possível se escolher, na vasta biblioteca de sons, um áudio que lhe caia bem. Também é possível fazer um upload de um som. Escolha o trecho e grave seu vídeo. Pronto. Basta compartilhar nas redes sociais e saber o que os amigos acham. O interessante é que, diferente do Instagram ou do Vimeo, nem todo mundo encara facilmente o programa. O Dubsmash pede habilidades artísticas, como a interpretação, alguns ensaios e muito bom-humor. Ou pelo menos cara-de-pau.
De sexta-feira para cá, o jornalista e músico Leo Vila Nova, 32 anos, acessou umas postagens relacionadas ao Dubsmash, ficou curioso com o viral e foi conferir: “Fui testar pra ver se dava certo. E soltei aquele do ‘É teeetraaa!!! É teetraa!!!’, de Galvão Bueno. Eu, particularmente, achei que tinha ficado legal e vi que os amigos do Facebook curtiram pra caramba”. E ainda rebate as críticas: “não tenho compromisso com etiqueta nem com ostentação de intelectualidade para seu ninguém. Não tenho pra que levar a vida tão a sério. Tem gente que destila ódio, preconceito, intolerância. Eu, pelo menos, estou destilando diversão”.
“Vou te confessar: me identifico também porque amo imitar os personagens de que mais gosto em casa, desde criança”, admite a produtora Carolina Magalhães, 19 anos. Carolina vê na ferramenta a possibilidade de “virar um meme”. “A proposta do Dubsmash é bem favorável a isso, porque permite que nós mesmos sejamos os memes. Num dia só, eu posso ser (a atriz) Suzana Vieira, Paola Bracho (personagem de novela mexicana) ou cantar Beyoncé. E todo mundo está interpretando os áudios a sua maneira, o que está tornando a brincadeira mais divertida ainda”, se empolga. Para aqueles que não respeitam a brincadeira, Carol disparou no seu Facebook: “vocês estavam em ‘open bar de Toddynho’ até uns meses atrás. Sentem e riam das dublagens que é menos vexame”, diz, citando os eventos fakes que assolaram o Facebook.
Como toda moda de internet, não falta quem implique com o Dubsmash. O publicitário Thiago Machado acredita que a ferramenta é um acentuador de chatices: “Você, que já era sem graça, agora conta com um parceiro para ficar ainda mais chato: a ferramenta #Dubsmash. Este potente editor portátil de vídeos permite que você crie, misturando o clássico humor de tia de bingo com o melhor dos roteiristas da primeira temporada do Zorra Total. Baixe logo este sucesso”, brinca.
FAMOSOS - “Se de uma coisa eu tenho certeza, é a da minha beleza”, disse a cantora Anitta, pegando emprestada a voz da emblemática vilã de novela mexicana Paola Bracho e colocando como legenda “Sem make? Muita certeza #sqn”. Como o Dubsmash se tornou comum, em vez de ouvir as já conhecidas vozes dos artistas, não é surpresa se deparar com um timbre de outras personalidades. Luan Santana (recriando sua música Cê topa?), Fábio Porchat (numa dublagem mais ou menos de “não fode comigo, Judith”), Neymar Jr. (música Pop 100), e Maurício de Sousa (como Seu Madruga) são outras celebridades que não resistiram ao aplicativo.
Claudia Leitte tem se inspirado nos áudios dos vídeos que viralizaram na internet. “Eu vou usar um vestido, com a blusa aqui amarrada, com a bota. E o meu cabelo solto de prancha”, remenda. Os fãs retribuem, disparando comentários e curtidas. “Tentando, mas não ficou bom, assim como tudo que ela faz”, diz um internauta. Em outro, ela usa o bordão “Eu sou rica! Eu sou rica!”, disparado pela atriz Carolina Ferraz, na novela Beleza pura (2008).