O cineasta franco-polonês Roman Polanski chamou o movimento #MeToo de "histeria coletiva" e "hipocrisia", em uma entrevista para a edição polonesa desta semana da revista Newsweek.
"Parece-me que é uma histeria coletiva, do tipo que acontece nas sociedades de tempos em tempos", disse o diretor de 84 anos.
Ele foi questionado sobre o movimento contra o assédio sexual no local de trabalho, antes de a Academia Americana do Oscar o expulsar em 3 de maio por uma relação sexual ilegal com uma adolescente de 13 anos em 1977.
Tais fenômenos "às vezes tomam um rumo mais dramático, como a Revolução Francesa ou a noite de São Bartolomeu na França (massacre de protestante em 1572), e às vezes menos sangrenta, como em 1968 na Polônia (revolta estudantil e campanha antissemita) ou o macarthismo nos Estados Unidos", disse Polanski.
"Todos, impulsionados principalmente pelo medo, se esforçam para se juntar a esse movimento. Quando observo isso, me faz lembra da morte de um amado líder norte-coreano, que fez todo mundo chorar terrivelmente, e alguns choravam tão forte que não pudemos deixar de rir".
"Então, é puramente hipocrisia?", pergunta o jornalista.
"Na minha opinião, é tudo hipocrisia", confirma o diretor.
Indagado se ele assiste aos filmes produzidos em Hollywood, Polanski não mede as palavras.
Diz assiste "às vezes, mas eles são regularmente tão monstruosos que é difícil ir até o fim", afirma, antes de dizer que na Polônia "estamos fazendo coisas excelentes" no cinema e que, apesar de ver pouco, o que vê "costuma agradá-lo muito".