Um procurador suíço disse nesta quarta-feira (18) que ordenou buscas em escritórios do HSBC na Suíça e que estava abrindo um inquérito sobre acusações de lavagem de dinheiro agravada.
"Uma busca está em curso atualmente nas instalações do banco, lideradas pelo procurador-geral Olivier Jornot e pelo procurador Yves Bertossa", informou a procuradoria de Genebra em comunicado.
O procurador afirmou que o escopo da investigação afetaria indivíduos suspeitos de cometer ou participar de lavagem de dinheiro.
Um porta-voz do HSBC em Genebra se recusou a comentar.
No domingo, o maior banco da Europa pediu desculpas a clientes e investidores pelas práticas registradas em seu private bank da Suíça, na sequência de acusações de que teria ajudado centenas de clientes a se evadirem de impostos.
Em anúncios de página inteira em jornais britânicos, o HSBC disse que a recente cobertura da mídia que focou na operação suíça e em assuntos financeiros de alguns de seus clientes tinham sido uma experiência dolorosa e que as normas em vigor hoje "não estavam universalmente estabelecidas" no passado.
"Por isso, oferecemos nossas mais sinceras desculpas", disse a propaganda. O anúncio é dirigido a clientes, acionistas e colaboradores e é assinado pelo presidente-executivo, Stuart Gulliver.
O banco admitiu falhas no cumprimento e controle em seu banco privado suíço, após as alegações da mídia de que a instituição pode ter habilitado clientes a esconderem milhões de dólares em ativos, embora Gulliver tenha dito que muitas pessoas mencionadas como clientes tinham já deixado o banco há muito tempo e que alguns nunca foram clientes.
ENTENDA
O braço suíço do banco HSBC ajudou clientes milionários e criminosos condenados em escândalos de corrupção e por tráfico de drogas a sonegarem impostos e a esconderem milhões de dólares em investimentos, distribuindo produtos bancários não identificados e orientando sobre como escapar das autoridades do fisco, segundo um dossiê formado por informações bancárias vazadas.
Os dados --obtidos por meio da colaboração internacional de organizações de notícias, que inclui o jornal britânico "The Guardian"-- revelaram que o private bank (área de gestão de fortunas) do HSBC na Suíça:
1) rotineiramente permitia aos clientes retirarem maços de dinheiro em espécie, frequentemente em moedas estrangeiras sem uso na Suíça;
2) comercializava serviços para que clientes milionários evitassem impostos;
3) ajudava alguns clientes a dissimularem contas não declaradas (caixa 2);
4) fornecia contas bancárias para criminosos internacionais, homens de negócios corruptos e indivíduos considerados de alto risco.
No Brasil, a Receita Federal vai apurar operações realizadas por brasileiros em contas secretas mantidas pelo HSBC na Suíça. Em nota, o fisco informou que teve acesso a parte da lista que foi vazada no Swissleaks e divulgada por meio de uma associação internacional de jornalistas.
Segundo o blog do jornalista Fernando Rodrigues, do Brasil são 6.606 contas bancárias (que atendem a 8.667 clientes) e um valor movimentado entre 2006 e 2007 equivalente a cerca de R$ 20 bilhões.