Petrobras ajuda Bolsa a ter terceira alta seguida; dólar fecha em baixa

No mercado cambial, o dólar fechou em baixa nesta terça-feira (14). O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com desvalorização de 0,71%, para R$ 3,122
Da Folhapress
Publicado em 14/07/2015 às 21:05
No mercado cambial, o dólar fechou em baixa nesta terça-feira (14). O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com desvalorização de 0,71%, para R$ 3,122 Foto: Foto: Hugo Arce/ Fotos Públicas


As ações da Petrobras ajudaram a Bolsa brasileira a fechar em alta pela terceira sessão seguida, embora preocupações com a aprovação do acordo de resgate da Grécia e também a desvalorização dos papéis da Vale tenham contido a valorização do mercado nacional.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, fechou em alta de 0,23%, para 53.239 pontos.

No mercado cambial, o dólar fechou em baixa nesta terça-feira (14). O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com desvalorização de 0,71%, para R$ 3,122. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve leve alta de 0,25%, para R$ 3,14.

Apesar de uma melhora no cenário externo, as dúvidas sobre a aprovação do acordo pelo Parlamento grego persistem.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, está em confronto com rebeldes em seu próprio partido, irritados com sua capitulação às exigências da Alemanha para um dos pacotes de austeridade mais duros já exigidos de um governo da zona do euro.

Para os críticos, medidas como a exigência de superavit primário (e o corte de gastos automático caso as metas não sejam atingidas) e a recusa em aceitar perdão de parte da dívida grega vão só aprofundar os problemas.

O chefe do partido grego de oposição To Potami, Stavros Theodorakis, disse nesta terça-feira (14) que seu grupo apoiará o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, no acordo de resgate no Parlamento, mas descartou se juntar ao governo liderado pelo partido esquerdista Syriza.

A melhora no humor internacional também contribuiu para a alta da Bolsa nesta sessão. Na Europa, após passarem a maior parte da sessão em baixa, as principais Bolsas conseguiram força para fechar em alta.

O índice FTSE, de Londres, subiu 0,23%, enquanto em Paris o CAC-40 teve leve alta de 0,69%. Em Frankfurt, o DAX se valorizou 0,28%. Em Madri, o Ibex-35 subiu 0,30%. As Bolsas de Milão e de Lisboa destoaram do cenário e caíram 0,30% e 0,62%, respectivamente.

Nos EUA, o índice Dow Jones subiu 0,42%, o S&P 500 teve valorização de 0,45% e o índice da Bolsa Nasdaq fechou com avanço de 0,66%.

BRASIL

No cenário doméstico, as ações da Petrobras esboçaram recuperação e ajudaram a sustentar a alta do Ibovespa, embora a valorização do índice tenha sido contida pela queda dos papéis da Vale e também por preocupações políticas.

Os papéis mais negociados da Petrobras fecharam com valorização de 1,52%, para R$ 12. Já as ações com direito a voto subiram 1,81%, para R$ 13,51. Para Linican Monteiro, executivo da equipe de análises da Um Investimentos, as declarações do conselheiro da Petrobras criticando a obrigatoriedade da empresa no pré-sal ajudaram a impulsionar o papel.

"O mercado comprou a declaração, no sentido de achar que pode haver alguma mudança na regulamentação", afirma. O regime estabelece que a Petrobras tenha participação de 30% como operadora na exploração de campos de petróleo.

Após o fim do pregão, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) manteve o rating "BBB-" e a perspectiva negativa para a Petrobras, dizendo que sua perspectiva continua a refletir desafios para a desalavancagem da petroleira.

As ações da Vale, que subiram com força na segunda-feira (13), devolveram parte dos ganhos e caíram. Os papéis preferenciais da mineradora tiveram queda de 3,26%, para R$ 14,86. As ações ordinárias perderam 3,68%, para R$ 17,82.

No cenário político, o governo sofreu um revés no Senado. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a resolução para unificar a cobrança de ICMS no país deve começar a ser analisada pelas comissões permanentes da Casa nesta quarta-feira (15), enquanto a ideia inicial era submeter o texto à votação ainda nesta semana.

O revés ocorre um dia antes de uma delegação da agência de classificação de risco Moody's chegar ao país. "O mercado tinha deixado de lado essa questão política conturbada, mas que volta a ganhar força", diz Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.

"Se a gente olha do começo do ano para cá, ainda que a gente veja uma Fazenda empenhada em aprovar as medidas, com o ministro [Joaquim] Levy liderando as negociações, o esforço fiscal necessário tem se mostrado cada vez maior", diz.

DÓLAR

No mercado cambial, contribuiu para a queda do dólar nesta terça-feira a desaceleração das vendas no varejo dos Estados Unidos. Houve queda inesperada em junho, com famílias diminuindo compras de automóveis e uma série de outros produtos, o que levanta receios de que a economia está desacelerando novamente.

O Departamento do Comércio informou nesta terça-feira que as vendas no varejo recuaram 0,3% no mês passado, a leitura mais fraca desde fevereiro. Os números do varejo em maio foram revisados para baixo para mostrar uma alta de 1%, em vez do salto informado anteriormente de 1,2%.

O dado poderia retardar a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) em elevar as taxas de juros nos EUA ainda neste ano. A demora na elevação da taxa nos EUA estimula os estrangeiros a continuarem aplicando recursos em países com risco maior, mas juros mais elevados, como o Brasil, o que reduz a pressão sobre o câmbio.

"Mas vale lembrar que, apesar de o Brasil ter grau de investimento, não há entrada de investimentos", avalia Tarcisio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista. "O investidor estrangeiro está com aversão ao Brasil por tudo que está acontecendo. A Grécia pode ainda trazer um efeito cascata para os emergentes, pois, se o país der calote, os investidores que perderem dinheiro vão ter que deslocar recursos de emergentes para cobrir o rombo", afirma.

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