Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) caíram 1% no acumulado de janeiro a setembro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram liberados R$ 129,7 bilhões até setembro, com queda nos desembolsos para a indústria.
O superintendente da área de planejamento do BNDES, Claudio Leal avalia que a retração de 1% não é significativa, considerando que 2013 foi um ano de desembolso elevado, o que torna a base de comparação alta.
“Somado a isso, está o fato de que, ao longo de 2014, as projeções de crescimento da economia foram revisadas para baixo” afirmou. Outro fator apontado pelo executivo para o resultado são as “incertezas associadas ao processo eleitoral”. Em 2013, os desembolsos do banco de fomento cresceram 22% na comparação com 2012.
Mesmo patamar. Apesar do resultado ligeiramente negativo no acumulado do ano, o banco trabalha com a hipótese de encerrar 2014 com a liberação de recursos no mesmo patamar de 2013, quando foram liberados R$ 190,4 bilhões. Para isso, é esperado um resultado em novembro e dezembro superior à média dos demais meses. “São avaliações preliminares”, disse Leal.
Na opinião do economista Felipe Salto, especialista em contas públicas da Tendências Consultoria, o BNDES caminha para ser um banco com desembolsos menores do que nos últimos anos, quando os aportes do Tesouro Nacional estavam em trajetória crescente. “O ajuste fiscal não é mais uma escolha, se impõe. Isso passa por controlar a política de subsídios do BNDES”, disse.
Balanço
Entre janeiro e setembro, o destaque positivo nos desembolsos do BNDES veio do setor de infraestrutura, com R$ 47,5 bilhões, um crescimento de 13% na comparação com o mesmo período do ano passado.
“O ano está sendo muito marcado pela participação crescente de infraestrutura, fruto do amadurecimento dos projetos de grande valor no âmbito do PIL (Programa de Investimentos em Logística) e também uma participação forte de equipamentos de transporte e máquinas, pelo Finame”, afirmou o superintendente do banco de fomento.
Na ponta negativa, a indústria recebeu R$ 35,7 bilhões, com queda de 13% na comparação anual. Entre os fatores que pesaram nesse resultado estão alterações feitas no BNDES Progeren, programa do banco para o financiamento ao capital de giro. No início do ano, as grandes empresas foram excluídas dessas operações. Apenas em meados de maio retornaram ao Progeren, com taxa de juros de mercado.
Outro fator que pesou no caso da indústria foi a suspensão temporária, no primeiro semestre do ano, dos benefícios do Programa BNDES PSI para operações de exportação na modalidade pré-embarque do BNDES-Exim (destinada ao financiamento à fabricação do bem a ser exportado).
De janeiro a setembro, o total das aprovações de financiamento do BNDES atingiu R$ 130,5 bilhões, o que significa uma queda de 16% ante os mesmos meses do ano passado. As consultas para financiamentos, com R$ 179,9 bilhões, recuaram 10% no período.