Brasil lidera difícil cruzada por investimentos e comércio exterior

Maior economia da América Latina, o Brasil cresceu apenas 0,1% em 2014
Da AFP
Publicado em 08/05/2015 às 18:36
Maior economia da América Latina, o Brasil cresceu apenas 0,1% em 2014 Foto: Foto: Roberto Stuckert Filho / PR


Preocupado pela desaceleração de seu crescimento, o governo brasileiro anunciou no Fórum Econômico Mundial para a América Latina uma estratégia agressiva para investidor e ampliar seu comércio exterior. O país espera conseguir que as empresas superem seu tradicional posicionamento voltado para o mercado interno.

Maior economia da América Latina, o Brasil cresceu apenas 0,1% em 2014, completando seu quarto ano consecutivo de fraca expansão. 

Com baixa popularidade por causa dos escândalos de corrupção, a presidente Dilma Rousseff batalha agora para que o Congresso aprove seu controverso plano de ajuste, dando oxigênio a uma economia afetada pela inflação crescente, pelas altas taxas de juros e pela baixa produtividade.

"Os novos motores do crescimento econômico para o futuro (do Brasil) são o comércio e os investimentos no exterior", disse Daniel Marteleto, secretário de Comércio Exterior, durante o Fórum Econômico Mundial para América Latina que termina nesta sexta-feira na Riviera Maia, balneário turístico no Caribe mexicano.

"O Brasil terá uma estratégia distinta, mais agressiva em termos de acordos comerciais (...) e queremos não somente ter mais investimentos em nosso país, sobretudo em infraestrutura, mas também investir cada vez mais no exterior", acrescentou Marteleto discursando com um espanhol perfeito. 

Membro do Mercosul, cerca de 85% de suas exportações  para o bloco são de manufaturados, e nas últimas duas décadas o comércio brasileiro com os demais membros cresceu aproximadamente 20 vezes.

Agora busca diversificar seu mercado na Ásia e durante este Fórum -versão latino-americana do encontro anual em Davos- deixou claras suas intenções de adensar as relações comerciais com o México.

"Queremos estabelecer acordos em investimentos, compras governamentais, serviços e todos os temas não tarifários na região. Com o México queremos ter um acordo amplo", afirmou Marteleto.

 

Um país centrado na economia local

"Em relação ao dólar, o Brasil é atualmente mais barato, o que o torna mais competitivo no comércio internacional. Mas precisa ir além da taxa de câmbio. Requer incentivos, redução de impostos e que o Brasil regresse à cultura do comércio", explicou à AFP Carlos Arruda, diretor do Centro para Competitividade e Inovação da Fundação Dom Cabral.

"As condições não são muito favoráveis no Brasil para a assinatura de tratados comerciais, pois as empresas esqueceram como negociar no exterior. Nos últimos anos, sua prioridade total foi a economia doméstica", analisou.

Marteleto reconhece que para o Brasil, cujas exportações agrícolas são altamente competitivas, a negociação de tratados bilaterais não levariam necessariamente a um aumento dos fluxos de comércio, já que os subsídios agrícolas são tratados na esfera multilateral.

Ele lembrou ainda que no mercado asiático há uma concentração excessiva de produtos agrícolas brasileiros, o que indica, portanto, a necessidade de diversificar a pauta das exportações.

Durante o Fórum, o ministro da Economia mexicano, Ildefonso Guajardo, adiantou que se prepara "uma ante-sala para se chegar a um eventual tratado de livre comércio" com o Brasil, que será discutido durante a visita de Estado que a presidente Dilma Rousseff fará ao México no final do mês.

Com um intercâmbio comercial de mais de 9 bilhões de dólares em 2014, o Brasil é o primeiro parceiro comercial do México na América Latina.

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