O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse que, se confirmada a suspensão de novos contratos do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, "vai ter uma explosão de ocupações em todo o País". Para Boulos, a divulgação sobre o cancelamento de novas construções "foi um ataque brutal" do governo do presidente em exercício Michel Temer. "A política de moradia foi a primeira vítima dos cortes do programas sociais. Vamos fazer intensas e contundentes mobilizações nos próximos dias. Em breve, vai ter uma explosão de ocupações em todo o País, uma onda que vai começar em breve por São Paulo."
Na quinta-feira (19), o ministro das Cidades, Bruno Araújo, chegou a afirmar ao Estadão que o programa passará por um "aprimoramento", mas ontem recuou e disse em nota que tem compromisso com a continuidade do MCMV. Araújo acrescentou que está sendo "cauteloso" para avaliar a meta que o governo Temer vai estabelecer na terceira fase do programa. "O que estamos fazendo é sendo cautelosos, avaliando o que nos permite prometer para que não possam ocorrer falsas esperanças, iremos trabalhar arduamente para que possamos fazer o melhor para a população."
Segundo Boulos, a resposta dos movimentos de moradia vai ser nas ruas. "É uma reação. Milhares de pessoas estavam segurando a onda, aguardando sua vez por novas moradias. Você achava que essas pessoas vão para casa chorar? Elas vão reagir", destacou o coordenador do MTST e da Frente Povo Sem Medo, que reúne organizações ligadas a movimentos sociais.
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse ontem que "não há como atingir a meta do Minha Casa Minha Vida sem o Minha Casa Minha Vida". Mesmo com a suspensão dos novos contratos, Haddad garantiu que a Prefeitura está "preparada" para atingir a meta de 55 mil unidades habitacionais, fixada no início do mandato do petista, em 2013.
"A Prefeitura comprou terreno, licenciou os empreendimentos e está disposta a subsidiar cada unidade construída aqui em até R$ 20 mil pelo Minha Casa Paulistana", afirmou, acrescentando que foram investidos R$ 730 milhões em desapropriações de terrenos para o programa. Embora tenha mostrado abertura para alternativas além do MCMV, Haddad sublinhou que os investimentos do programa federal são necessários para alavancar as construções na capital paulista.