Com cerca de 11,6 milhões de pessoas desocupadas, o Brasil bateu novo recorde de desemprego no trimestre encerrado em junho. O número é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada pelo IBGE, que leva em consideração pessoas que estão à procura de trabalho. Com isso, a taxa de desocupação no período ficou em 11,3%, percentual superior ao do primeiro semestre deste ano (10,9%) e ao do mesmo período de 2015 (8,3%).
Considerando apenas o emprego formal, foram fechadas 1,486 milhão de vagas com carteira assinada no período de um ano, até o fim do segundo trimestre. O montante representa uma redução de 4,1% no total de vagas formais no setor privado no segundo trimestre ante o mesmo período de 2015.
Já o emprego sem carteira teve ligeiro aumento, de 0,2%, com 16 mil pessoas a mais na informalidade dentro do setor privado. O trabalho doméstico, por outro lado, teve a adesão de 224 mil trabalhadores no período de um ano, alta de 3,7% no total de empregados nessa condição.
Além do aumento do desemprego, a renda dos trabalhadores empregados encolheu e alcançou o menor nível desde o trimestre encerrado em janeiro de 2013, quando a média era de R$ 1.969. No segundo trimestre deste ano, ficou em R$ 1.972. Um ano antes, essa média era de R$ 2.058.
Diante da renda do trabalho em queda e de uma fatia menor da população ocupada, a massa de renda real da população ocupada caiu ao menor patamar desde o trimestre encerrado em abril de 2013, quando era de R$ 173,274 bilhões. No segundo trimestre deste ano, a massa de renda ficou em R$ 174,647 bilhões, queda de 4,9% em relação a um ano antes.
“Demos uma marcha à ré de pelo menos três anos. A massa de rendimento menor vai inibir consumo, gastos. Ela vai se refletir no comércio, na indústria, e vai criar esse ciclo vicioso que a gente vê hoje no mercado de trabalho”, avalia o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
Os dados da Pnad Contínua mostram que a Construção foi o setor que mais desmobilizou trabalhadores na comparação com o primeiro trimestre. O segmento sofreu uma redução de 1,9% entre os dois últimos trimestres, mas aumentou em 3,9% o número de trabalhadores na comparação com o segundo trimestre do ano passado.
Na comparação com o mesmo período de 2015, o pior resultado veio da Indústria. Houve uma redução de 11% no contingente de trabalhadores da atividade no segundo trimestre, ante o mesmo período do ano passado. “Isso diretamente, sem contar aqueles que trabalham para a indústria, que sofrem esse impacto do fechar de portas da indústria, que são os trabalhadores terceirizados”, aponta Azeredo.