A JBS entrou na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado financeiro, desde que vieram à tona na quarta-feira as denúncias de Joesley Batista, um dos sócios do grupo, incriminando o presidente Michel Temer. O frigorífico é investigado pela autarquia por suposta manipulação do mercado em cinco processos administrativos.
A CVM quer saber, sobretudo, se a JBS se beneficiou de informações privilegiadas para comprar dólar no mercado futuro - informação antecipada pela colunista Sonia Racy - e também na emissão de ações pelo acionista controlador do grupo - a FB Participações -, antes da denúncia virar notícia e abalar o mercado. O indício de irregularidade foi comunicado ao Ministério Público Federal (MPF).
A autarquia também está de olho em movimentações no mercado derivativo feitas pelo banco Original, controlado pelo grupo, e pediu "esclarecimentos adicionais relativos às notícias e especulações envolvendo delação de acionistas controladores da JBS".
No caso da JBS, a CVM atua para analisar e, se for o caso, punir eventuais irregularidades, mas também teve o nome incluído na delação de Batista. Ao MPF, o empresário disse ter negociado uma indicação para a diretoria da autarquia e de outros órgãos de governo com capacidade de interferir nos negócios da JBS.
Assim que a delação foi divulgada, a CVM publicou comunicado informando que "está acompanhando as recentes notícias veiculadas pela imprensa e monitorando o funcionamento ordenado dos mercados de valores mobiliários". Mas não se posicionou sobre uma possível interferência política em suas atividades reguladoras.
As quatro diretorias e presidência da CVM estão ocupadas atualmente, mas o presidente da autarquia, Leonardo Pereira, deixará o cargo em julho.