O número de brasileiros com dívidas em atraso terminou 2018 com crescimento de 4,4% em relação ao fim de 2017, mostra levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e obtido em primeira mão pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Trata-se do maior aumento anual da quantidade de inadimplentes desde 2012. Naquele ano, o avanço foi de 6,8%.
Em dezembro do ano passado, foram identificados 62,6 milhões de consumidores com alguma conta atrasada e o CPF restrito para contratar crédito ou parcelar compras. O número equivale a 41% da população adulta.
O crescimento da quantidade de inadimplentes registrados pela CNDL e pelo SPC Brasil ocorre enquanto cai a taxa de inadimplência, um indicador do Banco Central (BC) que calcula a proporção de brasileiros que estão atrasando a quitação de financiamentos obtidos junto a bancos.
A divergência na evolução dos indicadores existe porque, enquanto o dado do BC se limita ao crédito bancário, o levantamento da CNDL e do SPC Brasil inclui qualquer tipo de dívida, como contas de luz e de água.
A taxa de inadimplência do BC tem caído gradualmente desde 2016, num contexto em que o aumento do desemprego e a diminuição do renda deixaram os consumidores mais receosos em pedir crédito, ao mesmo tempo em que os bancos ficaram mais exigentes. "Apesar de os brasileiros estarem tomando menos crédito bancário, o orçamento segue apertado e todas as outras contas continuam chegando", disse a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Deixar de ter uma dívida no banco poderia ter feito o brasileiro ter mais folga para pagar as demais dívidas. Mas não foi o caso. Para isso ocorrer, explica Marcela, a renda deveria ter pelo menos ficado estável, em vez de cair. "E o mercado de trabalho melhorou pouco em 2018, insuficiente para aumentar a renda do trabalhador. Havia muita gente querendo trabalhar e pouca vaga de emprego, o que faz o salário cair", afirmou.
Para 2019, a expectativa é de melhora no quadro de inadimplência como um todo. "Espera-se que o processo de recuperação econômica se acelere, impulsionado pela alta da confiança com o novo governo e com as boas expectativas com as reformas estruturantes, que devem injetar ânimo nos agentes econômicos. Isso permitiria uma recuperação mais consistente do mercado de trabalho", disse.
Outro número calculado pelo SPC Brasil e pela CNDL foi o volume de dívidas não quitadas em nome de pessoas físicas, que cresceu 2,75% no fim de 2018. Em 2017, o número havia caído 2,7%. Em média, cada inadimplência possui duas pendências financeiras.