Fernando Castilho é colunista do JC
A 16ª Rodada de Licitações arrecadou R$ 8,9 bilhões em bônus de assinatura. Foi um valor recorde entre as rodadas no regime de concessão já realizadas. O sucesso do leilão é inquestionável, mas o mercado mandou um recado ao governo: Nenhuma petroleira demonstrou interesse nos blocos das bacias de Camamu-Almada e Jacuípe. E mais uma vez não houve nenhuma oferta para a bacia Pernambuco-Paraíba. Neste caso, a questão ambiental não foi a razão do resultado, mas falta de interesse mesmo.
Sobre das bacias de Camamu-Almada e Jacuípe, dificilmente haverá interesse. É lá onde está o Parque Marinho de Abrolhos. Na verdade, antes mesmo da implantação do parque, em 1922, houve perfuração do poço nas proximidades do Rio da Serra, no município de Camamu. E de lá para cá sempre houve alguma atenção. Mas a ANP nunca tinha ofertado a área. E parece que o mercado deu um recado para a ousadia do governo. As mesmas companhias que pagaram caro por outras áreas ignoraram o litígio existente na área.
As razões passam longe do fato dos estudos de viabilidade ambiental realizados na área não serem suficientes para afastar os riscos da atividade exploratória. Na verdade, a questão ambiental num país com a imagem internacional tão desgastada no assunto, por força das queimadas na Amazônia, afastou interessados. Qual companhia petrolífera estaria disposta a pagar o risco internacional de perfurar poços num santuário? Ao menos, por enquanto, Abrolhos está protegido. Mesmo o mercado de petróleo não está disposto a paga um bônus que custe caro à imagem.
Mas o fato mais importante não é “desinteresse” pela área de Abrolhos, mas a chegada da Patronas, a petroleira da Malásia, que chegou com força. Levou sozinha duas áreas e pôs 20% do bônus na área mais cara, junto com a francesa total e a Qatar Petroleum International (QPI), gastando nos três blocos R$ 1,9 bilhão.
Outra estrangeira que chegou forte no leilão foi a Qatar Petroleum International (QPI) que estará participando de três áreas depois de ter gasto R$ 1,9 bilhão.