O Banco Central avalia que a inflação ao consumidor vai subir nos próximos meses e permanecerá em patamares elevados durante o ano de 2015. A afirmação é do presidente da instituição, Alexandre Tombini, que sinalizou novas altas da taxa básica de juros no próximo ano, sem dar pistas sobre a duração e intensidade dos aumentos.
Durante audiência pública no Congresso Nacional nesta terça-feira (9), Tombini afirmou que a instituição, "neste momento, trabalha para fazer com que a inflação retorne o mais rápido possível para a trajetória de convergência para o centro da meta de 4,5%".
O IPCA (índice oficial de preços ao consumidor) está em 6,56% nos 12 meses encerrados em novembro, acima do limite de 6,50%.
"Não deveria ser tomado como surpresa, nos próximos meses, um cenário que contempla inflação acima dos níveis em que atualmente se encontra", afirmou Tombini. "No ano de 2015, na minha avaliação a inflação acumulada em 12 meses tende a permanecer elevada", afirmou.
"Independentemente disso, entretanto, estou convicto de que, após um curto interregno possivelmente em elevação, a inflação em 12 meses iniciará um longo período de declínio, que vai culminar com o atingimento da meta de 4,5% ao ano."
Segundo Tombini, o BC fará "o possível" para trazer a inflação para baixo em 2015 e fazê-la caminhar para 4,5% em 2016.
Entre os fatores que vão contribuir para a queda do índice de preços, para o BC, estão os aumentos já anunciadas da taxa básica de juros, uma política fiscal "contida" e iniciativas para moderar concessões de subsídios em operações de crédito.
JUROS
Tombini indicou que haverá nos aumentos da taxa Selic, ao repetir que "não haverá complacência por parte do Banco Central" em relação à inflação. Segundo ele, nas atuais circunstâncias, "a política monetária deve se manter ativa para conter os efeitos de segunda ordem dos ajustes" no câmbio e de tarifas e preços controlados pelo governo.
O presidente do BC lembrou que o BC elevou os juros em outubro (de 11% para 11,25% ao ano) e em dezembro (para 11,75% ao ano), mas não falou sobre a intensidade de futuros aumentos.
No comunicado da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC afirmou que os juros seriam utilizados com "parcimônia". Nesta terça-feira, não mencionou a palavra que provocou reação negativa do mercado, por sinalizar uma limitação da instituição para combater a alta de preços.