Um jornalista do Daily Telegraph pediu demissão e acusou o jornal britânico conservador de ter censurado informações sobre o banco HSBC, com o objetivo de manter o importante anunciante.
Em um artigo publicado na terça-feira no site Opendemocracy.net, Peter Oborne explica seu gesto relatando vários episódios de censura de informações sobre o gigante bancário.
Sobre a cobertura do mais recente caso envolvendo a filial suíça do HSBC, batizado de "Swissleaks", um vasto escândalo de fraude fiscal e lavagem de capitais, ele considera ser necessário "um microscópio" para encontrar as informações no Telegraph.
"É imprescindível no jornalismo britânico de qualidade que as equipes responsáveis pela publicidade e a redação sejam estritamente separadas. Há evidências que no Telegraph esta separação não existe", denunciou.
"A separação entre a publicidade e a nossa redação recompensada com vários prêmios sempre foi fundamental para o nosso negócio. Nós refutamos totalmente qualquer alegação contrária", respondeu a direção do jornal.
"É muito lamentável que Peter Oborne, colaborador do Telegraph por quase cinco anos, embarque em um ataque tão surpreendente e sem fundamento, cheio de imprecisões e insinuações", acrescentou.
Em sua coluna, Peter Oborne fala sobre sua visão do lento declínio do jornal, marcado pela saída de vários grandes nomes, incluindo o do editor-chefe Tony Gallagher, demitido há um ano e substituído por um "diretor de conteúdo".
Outro grande jornal britânico, The Guardian, informou nesta quarta-feira que o HSBC interrompeu sua publicidade no veículo pouco antes da publicação do caso Swissleaks.
Outro concorrente do Telegraph, The Times, tratou em profundidade do caso em suas colunas. A Justiça suíça anunciou nesta quarta-feira a abertura de uma investigação criminal contra o HSBC Suíça, 10 dias após a revelação do caso pela imprensa internacional.