Incertezas sobre meta fiscal de 2017 sustentam dólar em quarta sessão seguida de alta

As atuações do Banco Central, com quatro leilões de swap cambial reverso em julho, também têm sustentado a alta do dólar
Estadão Conteúdo
Publicado em 06/07/2016 às 18:42
As atuações do Banco Central, com quatro leilões de swap cambial reverso em julho, também têm sustentado a alta do dólar Foto: Foto: Marcos Santos/USP Imagens


O dólar subiu ante o real nesta quarta-feira (6) pela quarta sessão seguida, apesar da queda da divisa norte-americana no exterior. Os profissionais do mercado apontaram que o câmbio doméstico destoou da movimentação lá fora por causa de incertezas em torno da meta fiscal do governo para 2017. Também foram embutidos no preço a persistente expectativa de novos leilões de swap cambial reverso e preocupações sobre os efeitos do Brexit na economia global.

Se a meta fiscal de 2017, que será anunciada amanhã, for de um déficit superior a R$ 150 bilhões, o anúncio pode representar uma derrota para a equipe econômica do presidente em exercício, Michel Temer, afirmou o gerente de mesa de derivativos de uma corretora. "Isso soaria mal. E se ficar em R$ 170 bilhões, será pior ainda", apontou a fonte. "O mercado já está precificando esse possível déficit pesado", acrescentou.

O dólar à vista no balcão fechou em alta de 1,00%, ao R$ 3,3357, acumulando ganho de 3,90% em julho. O giro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa foi de US$ 955,955 milhões. No mercado futuro, o dólar para agosto teve valorização de 0,77%, aos R$ 3,3550. O volume de negócios estava em US$ 14,588 bilhões

As atuações do Banco Central, com quatro leilões de swap cambial reverso em julho, também têm sustentado a alta do dólar. Amanhã, o BC faz o quinto leilão, com oferta de mais 10 mil contratos (cerca de US$ 500 mil) para dois vencimentos. O BC ainda carrega um estoque de US$ 60,135 bilhões em contratos tradicionais de swap que podem ser revertidos para sustentar a divisa dos EUA. Comenta-se no mercado que o dólar pode chegar perto de R$ 3,50, nível semelhante ao observado quando Ilan Goldfajn assumiu a instituição. No entanto, qualquer projeção para o câmbio no curto prazo ainda é apontada como incerta.

Há a leitura entre parte dos agentes do mercado de que o fluxo de recursos no Brasil deve ficar positivo nos próximos meses, principalmente após a conclusão do processo de impeachment. Na visão do diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, caso esse movimento se concretize, o dólar pode recuar para cerca de R$ 3,10. "O BC consegue reduzir um pouco o movimento agressivo de queda com swap cambial reverso, mas a direção é para baixo", apontou o especialista. Para ele, o dólar deve se fortalecer mais para o final do ano com um possível corte da Selic ou elevação de juros nos EUA.

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