Novos sabores, embalagens e mimos. Os fabricantes de ovos de Páscoa investem em novidades para atrair os clientes este ano e espantar de vez a crise. Enquanto isso, a indústria espera crescimento discreto nas vendas em relação ao ano passado.
No ramo de ovos artesanais, a procura tem crescido. A empresária Lucinha Cascão, da Oficina do Açúcar, já registra um faturamento 40% maior este ano em relação à Páscoa do ano passado. “Como as vendas da Páscoa são antecipadas, já posso dizer que a comercialização este ano está muito boa”, diz a empresária, que investiu em um profissional de vendas para colocar seus produtos artesanais em cinco pontos comerciais do Grande Recife.
Apesar de o número de funcionários ter permanecido o mesmo do ano passado, cerca de 30, o movimento da cozinha e escritório no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, é intenso. “Uma novidade que vem tendo boa saída são as embalagens funcionais, que podem ser reaproveitadas, como o pote de vidro, que se torna um item decorativo, ou o coelhinho de pelúcia recheado de ovinhos que vira porta-lápis infantil”, diz Lucinha. As lembrancinhas de Páscoa produzidas pela equipe dela custam a partir de R$ 50. O item mais caro, o ovo de 800 gramas, todo feito em chocolate Ruby, sai por R$ 180. “Temos notado que ovos mais sofisticados, feitos com matéria-prima importada, como o chocolate belga, continua tendo grande procura”, assegura a empresária.
Outra fabricante artesanal dos chamados ovos gourmet, Karyna Maranhão, comemora a alta demanda por seus produtos. Ela esperava vender cerca de 400 ovos artesanais nesta Páscoa, mas os pedidos já dobraram essa meta. “A perspectiva está sendo das melhores, já que nossa produção não para. Muitos pedidos foram adiantados”, diz Karyna, que há menos de um ano abriu um café no bairro de Boa Viagem, Zona do Sul do Recife, onde os ovos de Páscoa são comercializados.
Ela apostou este ano em sabores diferenciados, como o ovo de biscoito recheado com brigadeiro, com 300 gramas (R$ 35). Há ainda as opções “fit”, como os ovos com nibs (sementes de cacau) e recheio de brigadeiro de biomassa e chocolate a 70% (R$ 60) e até o ovo de Páscoa vegano, com sementes oleaginosas e frutas secas, recheado de brigadeiro de biomassa (R$ 60).
Entre os grandes varejistas, o sentimento é de otimismo. A rede Perini mantém uma produção própria de ovos de chocolate voltada para as lojas da Bahia e do Recife, que funciona no RioMar. Segundo o gerente de Produção da Perini, Albert Vernedas, a fabricação de ovos de chocolate com peso entre 50 gramas a 1 kg já ocupa boa parte dos 120 funcionários do setor de doces e salgados. “Nossa expectativa é comercializar 17 mil ovos de Páscoa, um volume 5% maior em relação a 2018”, diz Vernedas. A Perini vai utilizar cerca de quatro toneladas dos chocolates belga Callebaut e baiano Sagarana em sua produção.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Ubiracy Fonseca, o setor não deve repetir o bom desempenho do ano passado, que cresceu 26%. “O crescimento de 2018 foi atípico porque o ano de 2017 foi muito ruim. Embora a economia esteja se recuperando lentamente, esperamos uma Páscoa com crescimento real”, diz Ubiracy.
A Abicab estima que este ano, a indústria e o varejo já geraram cerca de 18 mil empregos temporários em todo o País.