Um novo El Niño se aproxima e traz de volta a ameaça de uma nova estiagem

Fenômeno climático provoca seca no Nordeste e Norte do País
Do JC Online
Publicado em 15/07/2014 às 13:38


A previsão é de que um novo El Niño se aproxima. O fenômeno é um aquecimento que ocorre na temperatura da água do Oceano Pacífico Leste e provoca estiagens no Norte e Nordeste do Brasil. Algumas das mais severas estiagens da região tiveram alguma ligação com o El Niño. As consequências do fenômeno têm 80% de chances de serem sentidas por aqui até dezembro, segundo previsões do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A expectativa é de que os efeitos sejam fracos ou moderados, mas empresários do agronegócio já estão ficando apreensivos.

“Estamos preocupados, porque sabemos que esse é um indicativo forte de seca depois de uma estiagem que se estendeu em 2012 e 2013”, disse o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PE, Pio Guerra. A entidade reuniu empresários que atuam no setor para participar do Fórum Permanente de Convivência Produtiva com as Secas realizado ontem, na sede do Sebrae, na Ilha do Retiro.

O El Niño não provoca estiagens no Sul e Sudeste do País que já está passando por um período mais seco do que o normal com menos água do que o esperado nos seus reservatórios para esta época do ano. “O El Niño provocou pelo menos três grandes secas que atingiram o setor”, lembra o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha. Ele estava se referindo às estiagens de 1992 a 1994, 1998 a 2000 e a de 2011 a 2013. Essas secas foram tão severas que trouxeram consequências, como perda de parte da safra, até na Zona da Mata, região mais úmida do Estado.

A última seca (2011-2013) trouxe um prejuízo de R$ 3,2 bilhões para a pecuária do Nordeste e uma queda de 21,5% em culturas como algodão, feijão e cana-de-açúcar em toda a região. “A nossa intenção é conhecer experiências e copiar o que deu certo no Ceará, nos Estados Unidos, fazendo com que os empresários tomem conhecimento de novas técnicas e formas de encarar esse problema”, afirma Guerra.

Ontem, dois pesquisadores do Ceará, Francisco Zuza de Oliveira, sócio da FZO Consultoria, e Raimundo Reis, sócio diretor da Leite & Negócios Consultoria, apresentaram suas experiências de convivência com o semiárido no Fórum. Eles mostraram a necessidade dos criadores fazerem irrigação, quando for necessário e falaram também que o Estado do Ceará construiu uma rede de distribuição de água a partir de alguns açudes para minimizar o efeito das estiagens.

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