Obra estratégica para a economia e o trânsito do Grande Recife, o Arco Metropolitano, esperado desde 2008, foi reapresentado para o licenciamento ambiental. No papel várias alternativas foram estudadas. Mas o novo traçado oficialmente é a terceira proposta para a obra apresentada à Agência Estadual de Recursos Hídricos (CPRH). O documento foi entregue pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e estará à disposição de qualquer interessado a partir da próxima quarta-feira.
“Um estudo de uma obra dessa magnitude não se resolve assim tão rápido”, explica Paulo Teixeira, diretor-presidente da CPRH. “Segunda-feira vamos analisar se todos os documentos solicitados foram entregues e, se tudo estiver ok, confirmar o aceite, a formalização de que recebemos todos os papéis. Tudo indica que sim. Dessa forma, quarta-feira o Relatório de Impacto Ambiental (Eia/Rima) será enviado para os órgãos oficiais e estará disponível aos interessados no site da CPRH (www.cprh.pe.gov.br)”, comenta Teixeira.
As discussões sobre o Arco começaram há 6 anos. A obra é inspirada em projetos como o Rodoanel de São Paulo: um contorno viário para absorver caminhões e carretas, aliviando o trânsito na área urbana.
Pelo alto custo da obra, em 2011 o projeto foi estudado como uma parceria público-privada (PPP), tipo de concessão que reúne dinheiro do governo e de um grupo ou consórcio privado. Após as obras, a rodovia seria bancada com uma soma de pedágio pago pelos motoristas e prestação pública periódica.
Nos estudos, o orçamento chegou a R$ 1,7 bilhão, valor depois reduzido para R$ 1,2 bilhão. Na primeira versão tornada pública, em janeiro de 2013, o Arco proposto por um consórcio da Odebrecht Transport, Queiroz Galvão e Invepar teria uma extensão de 77 quilômetros, divididos em três lotes de obras.
Como o valor pós-obra seria muito alto, o então governador Eduardo Campos em 16 de agosto de 2012 teve uma reunião de mais de duas horas com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. No encontro, pediu para a equipe da presidente Dilma Rousseff incluir a rodovia no programa federal de concessões, no que não foi atendido.
A conversa ocorreu antes das eleições municipais, disputa da qual o PSB, partido de Eduardo, saiu fortalecido nacionalmente, dando início às articulações para a candidatura presidencial de Campos, interrompida pelo trágico acidente aéreo deste ano.
Mas na época a busca de Eduardo por reforços em outros Estados foi a deixa para que em abril de 2013 a equipe da presidente, durante visita de Dilma a Pernambuco, anunciar que faria a obra. A licitação saiu em 18 de dezembro e dividiu o Arco em dois lotes. A disputa, contudo, foi suspensa em março deste ano. O Dnit lançou o edital sem ter sequer um traçado da rodovia. A licitação foi impugnada pelo temor de entidades de defesa ambiental de que uma importante reserva de Mata Atlântica, onde também se localiza a fonte de 60% da água do Grande Recife, fosse cortada pela obra.
A questão provocou um impasse. A solução foi dar andamento ao chamado Lote 2, entre a BR-408 e a BR-101 sul, e reiniciar estudos no Lote 1, entre a BR-408 e a BR-101 norte.
No último dia 9 de setembro, a segunda versão oficial da rodovia foi apresentada à CPRH. De novo, contudo, o traçado foi considerado problemático. “Vamos analisar com todo o rigor. Como cidadão, espero que a terceira versão seja a última. Não conheço ninguém contra a obra. A única questão, digamos, controversa, é o traçado”, diz Teixeira.