Produção de alimentos tem queda de 44% na indústria pernambucana

O setor industrial registrou uma queda de 26,2%, segundo o IBGE
Da editoria de economia
Publicado em 09/04/2016 às 8:00
O setor industrial registrou uma queda de 26,2%, segundo o IBGE Foto: Márcia Mendes/Acervo JC Imagem


A queda no consumo e a seca contribuíram para afetar o mais resiliente setor da indústria de transformação pernambucana: o de alimentos. Ele apresentou uma queda de 44% comparando fevereiro último com o mesmo mês de 2015. E foi um dos responsáveis por uma queda de 26,2% da produção industrial do Estado registrada no segundo mês deste ano, usando a mesma base de comparação. A produção de alimentos representa 28% da indústria de transformação pernambucana. Os números são da Pesquisa da Produção Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“Houve um agravamento do processo recessivo no Estado. A produção industrial pernambucana vem caindo desde o final de 2013, mas a novidade é o tamanho da queda na produção de alimentos que, mesmo na crise, vinha crescendo. O primeiro semestre deste ano já está praticamente perdido para a indústria pernambucana”, explica o gerente do Núcleo de Economia e Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Tobias Silva. Em fevereiro último, ocorreu uma queda na produção de açúcar, biscoito, farinha de trigo, arroz, sorvete e margarina no Estado.

Com exceção do açúcar, todos os outros produtos alimentícios fabricados localmente são destinados ao mercado interno. Ou seja, foram impactados pela redução do consumo. “A inflação diminuiu o poder de compra das pessoas, tornando a renda menor, implicando em menos consumo. O cenário econômico se deteriora, mais pessoas ficam desempregadas, o estoque nas indústrias aumenta e elas passam a produzir menos”, explica o economista da coordenação da Indústria do IBGE Rodrigo Lobo. Ele acrescenta que este cenário não é exclusivo do Estado e vem sendo sentido em todo o País. 

A redução da produção de açúcar não refletiu apenas a crise da economia. Desde o ano passado, o fenômeno climático El Niño provocou a redução das chuvas na Zona da Mata, região produtora de cana-de-açúcar no estado. “A redução da colheita foi 23% devido à estiagem. A maioria das empresas parou no final de janeiro. Num ano de chuvas normais, a safra vai até 15 de março”, explica o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha. Em fevereiro último, ocorreram reduções de 16,1% na produção de açúcar refinado, de 12,1% de açúcar cristal e de 11,7% no açúcar do tipo VHP, destinado às exportações. 

O setor de bebidas também apresentou uma redução de 30% da produção. Dos doze setores pesquisados no Estado, nove registraram quedas (ver arte ao lado). O maior percentual de queda (57,1%) ficou com o setor que produz equipamentos usados em transporte e isso inclui plataformas de petróleo que seriam construídas no Estado, segundo o IBGE. As plataformas foram encomendadas pelo setor naval, impactado pela Operação Lava Jato que revelou um esquema de corrupção envolvendo políticos, donos de empreiteiras e a Petrobras, principal compradora dos navios e plataformas.

“A única surpresa dessa pesquisa foi a produção do setor têxtil que registrou crescimento. Provavelmente, isso aconteceu devido às exportações”, conclui Tobias. 

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