O perfil de consumo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) está mantendo o mercado voltado para o segmento aquecido em Pernambuco, mesmo no período de retração. O público é formado por cerca de 20 milhões de brasileiros, que gastam em média 30% a mais que os heterossexuais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), o Recife está entre as três cidades brasileiras com maior potencial gay-friendly, junto com São Paulo (SP) e Florianópolis (SC).
Na capital pernambucana, é no bairro da Boa Vista que se concentram os bares e boates LGBTs mais procurados. A empresária Maria do Céu é proprietária de três estabelecimentos na região: Clube Metrópole, aberta há 14 anos; Santo Bar, há três anos; e Miami Pub, inaugurado no ano passado. O lucro mensal das empresas é de R$50 mil, com 90% do valor reinvestido nos negócios.
“A situação da economia pesou mais para alguns setores, como o do entretenimento. Mas, no nosso caso o mercado ainda está aquecido e não houve nenhuma demissão nas minhas empresas”, afirma. Na avaliação de Maria do Céu, é possível manter as casas noturnas cheias sem repassar os custos para o consumidor. “O aumento da conta de luz para uma boate, por exemplo, não dá para ser repassado. Então, é preciso ser criativo e economizar, fazendo parcerias com os fornecedores que também precisam vender”, diz.
Aberto há seis anos no Recife, o bar Conchittas está de casa nova. O investimento dos sócios Bruno de Barros e Keylla Amaral na nova estrutura foi de R$ 500 mil e a expectativa é que o valor seja recuperado em três anos. Segundo o proprietário, que é mercadólogo de formação, o perfil do público LGBT é o responsável por gerar resultados tão positivos para o mercado: “esse público é altamente consumista. Eles possuem alto poder aquisitivo, não tem filhos e gastam boa parte do dinheiro com roupas de grife e entretenimento”, afirma.
Dados da Out Leadership, associação internacional de empresas voltadas para esse público, confirmam a análise do mercadólogo. De acordo com pesquisa, o potencial de compras do público mundial LGBT é estimado em US$ 3 trilhões. No Brasil, a movimentação do “pink money” é de R$ 439 bi.
Lidiane Barbosa é uma das frequentadoras dos estabelecimentos LGBT. Solteira e vivendo na casa dos pais, ela tem uma renda mensal média de R$ 1,8 mil, que utiliza com gastos pessoais. “Além de ir a bares e boates, costumo viajar pelo menos uma vez por mês para o litoral do Estado”, afirma. No final de semana, ela gasta em média R$ 200 com diversão. “Não precisamos mais recorrer aos guetos como há dez anos. Mas, procuramos locais onde a gente se sinta a vontade e que sejam seguros, locais alternativos”, explica.