Pelo menos 100 pessoas são vítimas de fraude no FGTs em Pernambuco

No total, os suspeitos da fraude sacaram R$ 800 mil. Eles foram presos ao desembarcar de voo no Aeroporto Internacional dos Guararapes
Da editoria de economia
Publicado em 20/10/2016 às 7:28
No total, os suspeitos da fraude sacaram R$ 800 mil. Eles foram presos ao desembarcar de voo no Aeroporto Internacional dos Guararapes Foto: Foto: PF/Divulgação


Pelo menos 100 pessoas foram vítimas em Pernambuco de um esquema de estelionato que resultou no saque indevido de R$ 800 mil do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) desses trabalhadores. Na manhã de ontem, quatro suspeitos do crime foram detidos no Aeroporto Internacional do Recife quando desembarcavam de um voo com origem em São José dos Campos, interior de São Paulo. Eles são alvo de investigação da Operação Demara da Polícia Federal do Estado (PF-PE).

O grupo portava materiais como carimbos e fotografias 3x4, supostamente utilizados para realizar a falsificação de documentos e sacar o benefício em agências da Caixa Econômica Federal. Outros seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos bairros da UR-10, de Afogados e do Ibura, no Recife, e em Caruaru. De acordo com dados da PF, a quadrilha tinha planos de fazer pelo menos 270 novas vítimas em um curto prazo de tempo, o que causaria um prejuízo de R$ 3,4 milhões no total. Além de Pernambuco, os saques também eram realizados em Estados como Maranhão e Sergipe. Todo o valor roubado terá de ser reposto pela Caixa. 

Entre os suspeitos detidos pela PF estão dois homens, apontados como lideranças do esquema fraudulento, e duas mulheres, estas com a responsabilidade de arregimentar interessados em comparecer pessoalmente às agências bancárias para realizar os saques do FGTS. “Eles faziam acordos com as pessoas para se passar pelos beneficiários e realizar os saques. Se houvesse êxito, havia uma divisão do valor. Se fossem pegos, não forneciam informações à polícia e esperavam que a quadrilha enviasse um advogado”, explica o superintendente regional da PF-PE, Marcello Diniz. 

Até o momento de fechamento desta reportagem, os detidos se encontravam em audiência de custódia, que decidirá se eles poderão ser soltos para responder aos crimes em liberdade ou encaminhados para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). 

OPERAÇÃO

As investigações da Operação Demara foram iniciadas no primeiro trimestre de 2015, quando houve o saque do FGTS de uma funcionária da empresa especializada em terceirizações Adlim. A operação bancária levantou suspeitas da existência de fraudes, pois a profissional continuava atuando na empresa, ou seja, não havia sido demitida e, por isso, não teria motivos para sacar o benefício. “Não só a Adlim, mas outras empresas de grande porte foram utilizadas como fachada para esconder as fraudes e não despertar suspeitas, já que se tratavam de empresas grandes”, comenta Diniz. 

Ainda não sabe de que forma a quadrilha tinha acesso aos dados das vítimas, mas acredita-se que funcionários da Caixa não tenham participação no esquema, já que os saques são realizados em agências variadas de todo o País. A PF também acredita não haver participação das empresas no processo, já que muitas recorreram à Polícia para denunciar o problema. Até agora, os nomes de 13 empresas foram utilizados para forjar as rescisões contratuais.

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