Comércio sofre com a chuva no Recife e cidades atingidas pela cheia

Fortes chuvas prejudicaram o comércio em mais de 30 cidades em Pernambuco. Comerciantes perderam mercadorias e agora sentem a retração do consumo
Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 01/06/2017 às 8:51
Fortes chuvas prejudicaram o comércio em mais de 30 cidades em Pernambuco. Comerciantes perderam mercadorias e agora sentem a retração do consumo Foto: Foto: Diego Nigro/JC Imagem


O comércio das 24 cidades que estão em situação de emergência foi atingido ou pela água ou redução do consumo depois da enchente que ocorreu no último domingo. Uma das cidades mais afetadas foi Palmares, na Mata Sul. “Algumas lojas ficaram com até 1,5 metro de água. A cheia atingiu cerca de 50% das lojas da cidade”, resume o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Palmares, Wilson Monteiro. Com quatro unidades no centro daquele município, o Supermercado Confiança contabilizou uma perda calculada em R$ 1 milhão.

“Acordei as quatro horas da manhã para tirar as mercadorias de dentro do supermercado, mas era um domingo, tudo é mais complicado. Quando deu meio dia, a água já estava na altura de 1,10 metro em três lojas e tudo que estava abaixo disso foi perdido. Numa delas, não deu tempo de tirar nada”, lembra o diretor comercial do Supermercado Confiança, Luiz Carlos Ferreira Lins. Na quarta loja da empresa, a água chegou a 50 centímetros, estragando o que estava abaixo dessa altura. “Ainda no domingo, o governo do Estado indicou três pessoas para falarem na rádio. Elas disseram que a água ia ficar só na área ribeirinha, mas parte de Palmares já estava debaixo d’água, quando estavam falando”, lembra.

Luiz Carlos afirma que “somente em mercadorias a empresa perdeu cerca de R$ 600 mil”. Também foram danificados equipamentos como freezers, geladeiras, entre outros. Depois da enchente, as lojas do Supermercados Confiança ficaram fechadas até a terça-feira. Somente ontem, as quatro unidades voltaram a funcionar.

Em Palmares, a cheia atingiu o centro da cidade, onde há uma maior concentração de lojas. “O prejuízo é grande porque uma parte dos comerciantes perdeu muita mercadoria. Quem não foi atingido diretamente pela água, agora não tem cliente, porque tudo está parado e as pessoas só estão querendo comprar comida com medo que venha uma nova cheia”, resume Wilson Monteiro. Tanto ele como Luiz Carlos argumentam que “esse sofrimento” poderia ser evitado, se o governo do Estado tivesse construído as cinco barragens prometidas após a cheia de 2010. Somente a barragem de Serro Azul saiu do papel.

O comércio de Caruaru não foi atingido pela água. “No entanto, a população ribeirinha sofreu muito. Há uma expectativa de queda nas vendas, porque as pessoas perderam as suas casas. Na última segunda-feira, até a Feira da Sulanca foi fraca. O único lado bom disso é que a chuva vai melhorar a situação do armazenamento na Barragem do Prata. As pessoas estão consumindo menos para comprar um carro-pipa por R$ 300 com 15 mil litros de água”, resume o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caruaru, Márcio Porto.

Mesmo sem estar em situação de emergência, as chuvas trouxeram transtornos no Grande Recife. “As pessoas não saem de casa, porque o trânsito fica complicado. Na semana passada, foi um dia parado por causa dos alagamentos. Esta semana, já são dois dias. O movimento está muito fraco”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Recife, Eduardo Catão. A expectativa dele é que o movimento melhore, porque junho é o segundo melhor mês de vendas, perdendo apenas para dezembro. Isso ocorre por causa do São João e Dia dos Namorados.

TRÉGUA

Para o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco, José Patriota, é muito difícil estimar os prejuízos provocados pela cheia. As perdas do setor produtivo provocadas pela enchente estão sendo levantadas pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE) e Sebrae estadual. O presidente da Fecomércio-PE e do conselho deliberativo do Sebrae-PE, Josias Albuquerque, enviou ontem uma carta ao governador Paulo Câmara (PSB), pedindo um tipo de isenção no recolhimento dos impostos estaduais e renegociação das dívidas para as empresas localizadas nas 24 cidades em estado de emergência. “Estamos propondo uma trégua para o soerguimento desses negócios. A Fecomércio e o Sebrae vão dar consultorias para os empreendedores atingidos”, revela Josias. E acrescenta: “Entendemos que todo o ecossistema empresarial da região sofre o impacto da queda do consumo e consequente redução de circulação de receitas”. Além das medidas já citadas, a Fecomércio sugere que seja implantada uma linha de crédito emergencial pela Agefepe (uma agência do Estado) para as empresas mais atingidas pela cheia.

 

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