Até março de 2018, o Armazém da Criatividade estará conectado ao programa da Rede Pernambucana de Pesquisa e Educação (Repepe), que fornecerá internet de alta velocidade (de 1 a 10 gigabytes). Só da parte do Estado, o investimento é de cerca de R$ 6 milhões, captados junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O prazo foi estabelecido durante comemoração de dois anos do armazém, um braço do Porto Digital em Caruaru, no Agreste do Estado, criado dentro de uma política de interiorização do governo estadual, que já recebeu investimentos de R$ 17 milhões no período.
O Repepe vai beneficiar institutos de ciência, tecnologia e inovação em 20 municípios do Estado. “Com 10 gigabytes, poderemos ter ensino à distância, utilização de vídeos em sala de aula e interatividade em tempo real, o que faz uma diferença enorme para qualquer tipo de atividade econômica e educacional”, comentou a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Lúcia Melo.
Em dois anos, o Armazém da Criatividade deu suporte a muitos empresários, principalmente do Recife e da região Agreste de Pernambuco, e de outros Estados próximos, como Paraíba, nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e economia criativa, com foco na moda e confecção. O objetivo é ajudar os produtores dessas áreas a formar uma identidade, precificar os produtos e vender. No espaço, há salas empresariais, local de coworking e laboratórios, como o de prototipagem 3D. Mais de 1,2 mil pessoas foram capacitadas em cursos e oficinas.
“O que a gente espera é fazer muito mais para muito mais gente em um futuro próximo. Não é fácil, hoje, tocar uma política pública da complexidade e sofisticação do Armazém da Criatividade de forma ininterrupta dentro da escassez de recurso do setor público. As finanças públicas do País inteiro estão em colapso. Muita gente ainda não descobriu o potencial do Armazém da Criatividade”, comentou o presidente do conselho administrativo do Porto Digital, Sílvio Meira.
Além disso, há a incubadora, que já atendeu mais de 17 empreendedores com mais de 450 horas de mentoria e assessoria. Hoje, nove estão incubados. Entre eles, está Jaime Espósito, CEO do I Glass Club, um clube de assinaturas de óculos de sol. “No Armazém, tive a oportunidade de aprender muito. Em dezembro, vamos fazer o lançamento oficial do produto”, comenta Espósito. O membro paga uma quantia mensal (o valor mínimo é de R$ 49), acumula pontos e pode escolher óculos do portfólio com mais de 200 modelos. Depois, o objeto tem que ser devolvido. É possível se cadastrar no site do I Glass Club.
Outro projeto incubado é o Musicle, que permite a pessoas normais ganhar dinheiro com a realização de shows dentro das próprias casas. Quando estiver pronto, o aplicativo disponibilizará catálogos com artistas. O aplicativo vai gerar o preço do ingresso, com base na quantidade de pessoas que serão convidadas, incluindo 20% de lucro para o realizador do show, 60% para o artista e o resto para a empresa. “Estamos procurando anfitriões e pedindo aos artistas para mobilizar a base de fãs para contratá-los. No Armazém, fizemos muito networking e capacitações. Além disso, tem o peso do nome do Porto Digital, que traz credibilidade ao negócio”, diz Heitor Alves, que está a frente do projeto.
Nos planos do Estado, está a implantação de um Armazém da Criatividade no centro de convenções em Petrolina, no Sertão do Estado. Para sair do papel, falta a liberação de recursos. Segundo Sílvio Meira, inicialmente, seria necessário investir mais de R$ 10 milhões.
Para além da economia criativa, os negócios em Caruaru estão a todo vapor. A prefeitura doou dois terrenos de 60 hectares, no Polo de Desenvolvimento Sustentável do Agreste, para a instalação das indústrias Dokapack, de embalagens industriais, e Reconflex, de colchões. Juntas, as empresas querem investir mais de R$ 26 milhões e gerar 328 empregos diretos e indiretos. O prazo para implantação é de 18 meses.
“Estamos fazendo trabalho para desenvolver o distrito industrial, com criação de plano diretor e indo atrás de empresas para se implantarem por lá”, afirma a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra. Outras duas empresas querem ampliar as atividades na cidade, mas o nome e os setores não foram divulgados.
Entre os planos para desenvolver a região, está a criação de um novo distrito industrial têxtil, junto à nova Feira da Sulanca. A previsão da prefeitura é de que um edital para estudos de viabilidade será lançado este mês. “Vamos fazer investimentos na Praça 18 de Maio, onde fica a atual Feira da Sulanca, e vamos fazer estudos para a nova feira, onde queremos colocar um distrito industrial têxtil, também voltado para a logística. Estamos identificando áreas. Temos um terreno, comprado por R$ 11 milhões, às margens da BR-104 que será analisado”, comenta Raquel Lyra.
No fim de novembro, uma missão, formada por empresários do Agreste, professores e representantes do Porto Digital, irá até Portugal para conhecer o desenvolvimento de sistemas de inovação voltados especificamente para confecção. A visita faz parte do programa RIS3 – Estratégias de Especialização Inteligente em Territórios Inovadores Selecionados do Estado de Pernambuco, realizado em parceria com a União Europeia.
No último ano, técnicos do bloco estiveram em Pernambuco para estudar o polo de confecções do Agreste e a Jeep. O resultado do estudo será divulgado no dia 16, em seminário em Brasília.
“Vamos tentar entender como aconteceu o processo de desenvolvimento na área de confecção em Portugal para gerar possibilidades de colaboração entre a União Europeia e Pernambuco”, diz a secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lúcia Melo.
Outra novidade na área de inovação é o lançamento do edital de uma pós-graduação lato sensu presencial voltada para a área de tecnologia, no dia 14 deste mês. “É voltado para a formação de empreendedores de alta tecnologia. É o que chamamos de makers of tomorrow. É um curso inovador, primeiro no Brasil”, complementa Lúcia Melo.