Bancos divulgam rodadas de lucros do quarto trimestre de 2017

Expectativa dos bancos para 2018 são de lucros muito maiores
Leonardo Spinelli
Publicado em 02/02/2018 às 12:45
Expectativa dos bancos para 2018 são de lucros muito maiores Foto: Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem


Os bancos iniciaram a temporada de divulgação de balanços do quarto trimestre de 2017 reportando novas rodadas de lucros, com o mercado esperando crescimento de até 19% na rentabilidade das instituições. Dos quatro maiores, que concentram algo em torno de 80% do mercado, o Santander e o Bradesco já divulgaram crescimento de 35,6% (lucro gerencial) e 11,1% (líquido), respectivamente, somando, os dois, um resultado positivo de R$ 28,9 bilhões (R$ 9,9 bilhões do Santander e R$ 19 bilhões do Bradesco).

De forma geral, os resultados de 2017 são reflexo de um cuidado maior na concessão de empréstimos, para reduzir o risco de calote, somado ao crescimento do spread (a diferença de quanto os bancos pagam para captar dinheiro e quanto cobram de quem pega emprestado). A taxa de captação, a Selic, caiu bastante, fechando em 7% ao ano. Já as taxas cobradas dos consumidores não caíram na mesma proporção. No rotativo do cartão, por exemplo, o consumidor brasileiro paga, em média, acima de 350% ao ano.

“Com a queda no custo de captação, os bancos conseguiram um spread maior, favorecendo o resultado. E se são mais criteriosos na hora de emprestar, registram menos perdas. Além disso, todos passaram por um processo de readequação, reduzindo pessoal. O Bradesco, que nunca fez um PDV, realizou um no ano passado”, resume o sócio da Multinvest Capital, Osvaldo Luiz Moraes.

Para se ter uma ideia, o Bradesco conseguiu uma economia de 15,9% nas despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD), dinheiro que é separado para cobrir inadimplência, que, por causa da melhora do ambiente econômico, contribuiu com a redução dos indicadores de calote nas instituições. O Santander, cujo resultado do Brasil impulsionou o lucro do banco em todo o mundo, reportou uma redução de 2 pontos percentuais no índice de inadimplência acima de 90 dias, chegando a 3,2% no final de 2017.

Mercado de seguros

A crise também melhorou o mercado de seguros e os bancos, claro, aproveitaram o momento. O Bradesco, por exemplo, reportou um resultado positivo nas operações de seguros, previdência e capitalização de 19,1% (ano), num lucro líquido de R$ 5,534 bilhões no segmento. Os analistas ouvidos pela reportagem também indicam a pouca concorrência no setor como um fator primordial para os lucros bilionários dos grandes bancos brasileiros. “Esse setor é um oligopólio, muito concentrado. Isso permite a eles ter spreads grandes e, apesar da regulação do Banco Central, têm um grau para definir o volume de crédito”, avalia o economista Jorge Jatobá.

Há um outro fator que também melhora a performance das instituições: as taxas de serviços. “Os bancos, de uma forma geral, enfrentam a inadimplência e a crise dificultando o crédito e forçando suas receitas com as tarifas cobradas dos clientes”, assinala Luiz Fernando Araújo, da Finacap. Reduzem o risco de crédito forçando na receita com tarifa. Em 12 meses, o Santander registrou um crescimento de 17% na receita de prestação de serviços e tarifas bancárias, apurando R$ 15,6 bilhões em 2017, dinheiro suficiente para pagar mais de uma folha e meia de pessoal. No ano passado, o banco reportou uma despesa com folha de pagamento de R$ 9 bilhões. Nesta comparação, o Bradesco faturou crescimento de 9,9% nas receitas com serviços (R$ 30,8 bilhões) e teve uma despesa com pessoal de R$ 19,5 bilhões.

A expectativa também é de entrega de bons resultados do Itaú, que divulga seus números na segunda (5) e do Banco do Brasil, no dia 22. E com a crise se distanciando do retrovisor, a tendência é de novas rodadas de bons resultados durante o ano de 2018, mesmo com o Banco Central articulando formas de reduzir o spread, limitando, por exemplo, o tempo de permanência dos clientes no cheque especial e estimulando a oferta de outros produtos com juros menores. “Apesar da pressão sobre o spread bancário, as taxas de juros em patamares mais baixos devem beneficiar o setor: a queda do custo de financiamento deve impulsionar a demanda por crédito, e a inadimplência tende a manter tendência de queda em 2018, o que pode beneficiar ainda mais o lucro”, diz a Guide Investimentos sobre o Itaú, em boletim para seus clientes.

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