Com dinheiro extra na conta, é difícil resistir às tentações do consumo. Ainda mais em tempos de confraternizações e trocas de presentes. No entanto, especialistas são unânimes em afirmar que a melhor forma de usar essa verba é reorganizar a vida financeira. Em caso de dívidas, importante quitá-las em primeiro lugar.
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 64,7% do total de famílias relatou ter dívidas. O cartão de crédito é o grande vilão. Ele é citado por 78,9% das famílias como o principal tipo de dívida do brasileiro. Em seguida, aparecem os carnês (15,5%) e o financiamento de carro (9,5%).
Se não houver débitos, vale planejar o pagamento de contas que podem abalar a saúde financeira. É o caso dos tradicionais valores gastos no início de cada ano com IPTU, IPVA, matrículas e compras de material escolar. Se até isso estiver em dia e já programado, é a hora de poupar ou investir.
Em último caso, mesmo que o consumidor esteja decidido a gastar e sucumbir às tentações do comércio, é preciso estar alerta. Comprar algo muito acima do valor do 13º salário e entrar em um parcelamento pode abalar os custos fixos que não contavam com aquele valor parcelado por mês.
Priorize sua saúde financeira e evite fazer novas dívidas
educadora financeira Ana Gabriela Lira
O professor de economia e finanças da UFRPE, Luiz Maia, lembra que é nesta época do ano que surgem os mutirões de negociação de dívidas. "É importante aproveitar essa oportunidade e conseguir descontos em juros e multas. Sair do vermelho é importante para a saúde financeira de toda a família", argumenta.
É o que pretende fazer o guarda municipal Clarindo Ferreira Leite Junior, 57 anos. Segundo ele, a primeira parcela foi usada, em parte, no pagamento de dívidas. Ele ainda guardou uma quantia para os gastos que sabe que terá em janeiro. "Já a segunda parcela, que é menor, a gente já sabe que vai usar para pagar conta e ficar livre das dívidas."
A advogada da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-PE e educadora financeira, Ana Gabriela Lira, orienta que antes das pessoas saírem comprando é preciso planejar os gastos. "É preciso fazer com que o 13º salário não seja apenas um benefício imediato, mas sim a longo prazo também". Ela alerta que cada caso deve ser avaliado de uma maneira diferente, mas em geral, quando se trata do pagamento de dívidas, o ideal é priorizar os débitos com maior taxa de juros, como cartão de crédito e cheque especial.
Já para quem está com o nome limpo na praça e pode planejar o pagamento de contas futuras, é bom avaliar qual dos compromissos pode gerar maior desconto em caso de antecipação de parcelas ou quitação total. Poupar para ter uma reserva de risco também é visto com bons olhos pelos especialistas.
Guardar a maior parte do seu 13° salário é o planejamento da aposentada Cláudia Aquino, 56 anos. Ela conta que, há dois anos, desde que se aposentou, tem conseguido guardar esse dinheiro extra quase integralmente. "Tiro uma mínima parte só porque nessa época do ano a gente fica mais consumista, aí compro umas lembrancinhas", admite.
A educadora financeira Ana Gabriela Lira finaliza dizendo que em todas as épocas do ano é preciso ter planejamento financeiro, inclusive com o abono natalino. "Priorize sua saúde financeira e evite fazer novas dívidas", resume.