Em época de cruzeiros marítimos, Porto do Recife está em alerta para evitar entrada de coronavírus

No Porto de Suape chega cargas da China, mas desembarque acontece primeiro em outros portos
Adriana Guarda
Publicado em 27/02/2020 às 19:18
No Porto de Suape chega cargas da China, mas desembarque acontece primeiro em outros portos Foto: Foto: Rafael Carneiro/Rádio Jornal


A confirmação de um caso de coronavírus em São Paulo e a suspeita de 132 casos suspeitos da doença no País (sendo três em Pernambuco), o governo brasileiro decidiu ampliar o monitoramento dos navios que estão na costa nacional. O acompanhamento é para evitar que a doença entre no País. Na sexta-feira da semana passada, o Ministério da Saúde ampliou para oito o nível de vigilância para países da Ásia. Além da China, entraram no rol Coreia do Sul e Coreia do Norte, Japão, Vietnã, Cingapura, Tailândia e Camboja. Na prática, isso quer dizer que a definição de casos suspeitos valem também para pessoas que retornarem desses países e tiverem sintomas de febre e queixa respiratória.

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Procurada pelo JC, a Anvisa explicou que no caso de um navio relatar um caso suspeito a bordo, o navio não recebe autorização para operar e ninguém pode desembarcar. A Anvisa e a vigilância epidemiológica sobem a bordo para inspecionar a embarcação e avaliar o paciente. Caso a suspeita seja mantida, o passageiro ou tripulante é removido para um hospital de referência. No caso de Pernambuco, essa unidade é o Hospital Oswaldo Cruz, em Santo Amaro, no Recife. O navio não recebe a Livre Prática (autorização para operar) e a tripulação e os passageiros ficam impedidos de desembarcar.

Se o caso for confirmado, a Anvisa e a vigilância epidemiológica fazem uma avaliação sobre o procedimento com a tripulação e os passageiros que ficaram a bordo. No caso de navios que já haviam iniciado a operação quando o caso suspeito apareceu, a Anvisa manda suspender a operação do navio e os tripulantes devem ficar a bordo. Nesse caso, deve ser investigado se o tripulante suspeito já havia descido do navio para que a vigilância epidemiológica realize a investigação de possíveis contatos. Em todas as situações de casos suspeitos encaminhados para o serviço hospitalar, a confirmação ou descarte definitivo da suspeita é feita pelo serviço de saúde e pela vigilância epidemiológica. A Anvisa destaca, ainda, que o protocolo para navios que chegam ao Brasil é o mesmo para todos os pontos de entrada, guardadas as particularidades de cada localidade.

Em Pernambuco, o Porto do Recife está em plena temporada de cruzeiros marítimos, que começou no final do ano passado e segue até abril. Durante o Carnaval, a embarcação Europa 2 atracou no porto e gerou expectativa sobre o desembarque dos turistas. “Cumprimos todos os procedimentos determinados pela Anvisa em foi tranquilo porque apesar de se tratar de passageiros italianos eles não vieram direto da Itália para o Brasil. Eles já estavam viajando e passaram pela Argentina e o Sul do Brasil até chegar aqui. A temporada ainda segue até abril, mas maioria são de passageiros de retorno”, diz o presidente do Porto do Recife, Carlos Vilar.

SUAPE

Sobre a entrada de produtos chineses em Pernambuco, que acontece pelo Porto de Suape, a diretoria do complexo explica, por meio de nota que “Embora seja importador de produtos chineses, o porto não tem previsão para receber navios vindos diretamente da China, apenas cargas transbordadas (que chegam em outros portos brasileiros) ou da Europa. No ano passado, o porto recebeu 1.565 navios de diversos países. Caso cheguem navios provenientes de portos da China ou com relato de suspeita da doença a bordo, seguiremos o protocolo estabelecido pela Anvisa”, diz o texto.

Em janeiro deste ano, as exportações de Pernambuco para a China despencaram 81%, totalizando US$ 109,5 milhões. No sentido inverso, as importações continuaram crescendo, com variação positiva de 14%. No caso do Estado o país tem uma participação pequena no comércio internacional, uma vez que a Argentina é o principal parceiro pernambucano. Mas quando se trata do Brasil, em que a China é o maior parceiro, o coronavírus provocou uma retração de 8,77% contabilizando US$ 3,4 bilhões contra uma queda de 0,5% nas importações, que alcançaram US$ 5 bilhões.

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