A 44ª edição da Copa América começa daqui a cem dias, de 11 de junho a 4 de julho, com Brasil e Argentina assumindo novamente o papel de favoritos, ao lado do anfitrião Chile, com a vontade de brilhar para trás desilusões de competições passadas.
A seleção brasileira tentará curar um pouco as feridas da humilhação monumental dos 7 a 1 da semifinal da última Copa do Mundo, que disputou em casa.
Os 'Hermanos' até fizeram bonito no Brasil, mas o vice-campeonato com um gol sofrido na prorrogação na final contra a Alemanha, no Maracanã, continua entalada na garganta.
Messi e companhia também precisam se redimir do vexame da última edição da Copa América, disputada em 2011, em terras argentinas, quando perderam nos pênaltis na quartas para o campeão Uruguai.
O Brasil foi eliminado na mesma altura da competição, pelo Paraguai numa sessão de pênaltis em que não acertou uma cobrança sequer.
"O Brasil tem rara distinção de não ter sido campeão em nenhum dos dois Mundiais que organizou (antes do fracasso do ano passado deixou o Uruguai levantar a taça em 1950). Quero pensar que vai estar de volta nesta Copa América, será forte candidato ao título", declarou o presidente de la Conmebol, Juan Angel Napout.
Renovação x futebol de resultados
Dividido entre a necessidade de renovação e o desejo de recuperar o orgulho, o técnico Dunga faz na próxima quinta-feira a última convocação antes da Copa América, para amistosos com a França, em 26 de março e o Chile, no dia 29.
É o velho dilema do embate entre o 'futebol de resultados' e o resgate do futebol-arte, que já foi marca registrada do Brasil.
Desde que assumiu, o capitão do tetra voltou a convocar alguns atletas marcados pelo fracasso do 'Mineiratzen' (David Luiz, Oscar, Willian, e, mais recentemente, o ex-capitão Thiago Silva), mas também deu a oportunidade a novatos (Firmino, Luiz Adriano, Philippe Coutinho, entre outros).
Na verdade, o melhor acerto do técnico na sua segunda passagem à frente da seleção foi a iniciativa de dar a Neymar a braçadeira de capitão.
O craque do Barcelona não se intimidou com a responsabilidade, muito pelo contrário. Chamou a responsabilidade e alcançou números invejáveis: com apenas 23 anos de idade, já é sétimo maior artilheiro da história da seleção brasileira, com 42 gols marcados.
Na nova era Dunga, o camisa 10 balançou as redes sete vezes em seis jogos.
Companheiro de equipe de Neymar no Barcelona, Lionel Messi está mostrando cada vez mais entrosamento com o brasileiro na Espanha, mas, no Chile, os dois craques correm risco de se encontrar em lados opostos do campo.
"A Copa América é importante para a Argentina, faz muito tempo que não conquistamos este título. Ficamos muito perto de ganhar o Mundial, mas agora queremos uma revanche com a Copa América", disse recentemente 'La Pulga', que sonha acabar com um jejum de 22 anos do seu país na competição continental.
Dor de cabeça com os estádios
Para o anfitrião Chile, a pressão pela conquista do título é ainda maior. A 'Roja' amargou quatro vice-campeonatos (1955, 1956, 1979 e 1987), mas integra o grupo das seleções sul-americanas que nunca levantaram o troféu (junto com Equador e Venezuela).
No Mundial, teve boa participação, eliminando a Espanha na fase de grupos, mas foi eliminado nas oitavas de final pelo Brasil.
O atual campeão Uruguai, seleção que soma o maior número de títulos na competição (15), é outro candidato, mas não poderá contar com seu melhor jogador, o atacante Luis Suárez, suspenso pela mordida no italiano Chiellini na Copa.
A Colômbia, que conta com uma boa safra de novos talentos, tentará confirmar o bom desempenho no Brasil (chegou pela primeira vez às quartas de final), mas depende do estado de saúde de James Rodríguez, hoje lesionado, e Radamel Falcao García, que não é o mesmo desde que operou o joelho, em janeiro do ano passado.
O torneio de seleções mais antigo do mundo, que teve sua primeira edição em 1916, será organizado pela sexta vez pelo Chile, e será espalhado em oito sedes.
Como aconteceu com o Brasil na Copa do Mundo, o governo chileno enfrentou pressão para completar a construção de estádios e polêmicas por conta de gastos públicos.
Ainda estão em construção os estádios 'La Portada', de La Serena, 'Sausalito', de Viña del Mar, e 'Esther Roa' de Concepción, os que causaram mais dores de cabeça aos organizadores.
Por conta de atrasos, partidas da primeira fase marcadas em Concepción foram realocadas para o estádio Monumental de Santiago, onde o Colo Colo, clube mais popular do país, manda seus jogos, e derrotou o Atlético Mineiro por 2 a 0 há duas semanas, na estreia da Copa Libertadores.
Já estão prontos o estádio Nacional, de Santiago, o 'Regional Calvo e Bascuñán' de Antofagasta, 'Germán Becker', de Temuco, 'El Teniente' de Rancagua, e 'Playa Ancha' de Valparaíso, sendo que os dois últimos, foram renovados para a Copa América.