Dia 20 de setembro de 1914. Buenos Aires. Nesse dia, Brasil e Argentina se enfrentaram pela primeira vez. O amistoso terminou com vitória da albiceleste por 3x0. Foi o começo de tudo. Países apaixonados pelo futebol, tornaram-se potências no esporte e nesta terça-feira escrevem mais um capítulo nessa centenária rivalidade. Às 21h30, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG), brasileiros e argentinos se enfrentam nas semifinais da Copa América 2019. Quem sobreviver encara o vencedor do duelo entre Chile e Peru, que ocorre nesta quarta-feira, na grande decisão.
Derrotado no primeiro embate, na segunda década do século passado, o Brasil hoje tem mais vitórias do que o rival. Em 104 partidas, foram 42 vitórias da Canarinho, 37 vitórias da Argentina e 25 empates. Os brasileiros anotaram 163 e levaram 157, em duelos válidos por Copa do Mundo, Eliminatórias, Copa América, Copa das Confederações, Amistosos, Copa Rocca e outros torneios.
O Brasil chegou às semifinais da Copa América com um time bem organizado, ainda que lhe falte criatividade em alguns momentos, e uma defesa sólida, que não levou gol até aqui. Organização não é o forte da Argentina, com trocas incessantes na escalação, mas o time conta com Lionel Messi, reverenciado até pelos rivais.
“É o maior jogador da história”, disse o zagueiro Thiago Silva, que se apresentou como um dos responsáveis por tentar freá-lo no confronto de hoje. Um dos porque, parar o craque argentino, mesmo aos 32 anos, não é tarefa para um homem só.
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O plano do Brasil é evitar que a bola chegue limpa ao atacante e ter ao menos dois marcadores perto dele quando houver o domínio. Um bom retrato da partida, já que a aposta da seleção verde-amarela é no jogo coletivo contra a força individual do camisa 10 argentino que, por sinal, nem faz grande competição, mas continua merecendo enorme respeito dos seus adversários.
Pela posição em que vem jogando o atleta do Barcelona na seleção argentina, Casemiro, de volta após cumprir de suspensão, deverá ser seu principal marcador. Mas nem só de marcação viverá a equipe brasileira, que precisa criar para evitar novo sufoco como o observado nas quartas de final, com vitória nos pênaltis sobre o Paraguai após empate sem gols.
Nessa tarefa, o técnico Tite não conta com aquela que seria a versão verde-amarela de Messi. Considerado top 3 do mundo pelo comandante, Neymar machucou o tornozelo direito durante a preparação para a Copa América e foi cortado da competição.
Everton assumiu sua vaga e tem se saído bem, porém o Brasil vem encontrando dificuldades contra adversários fechados. A expectativa agora é que haja mais espaço diante de um oponente tradicional, que deve buscar também o ataque e não se retrancar à espera de eventuais contragolpes.
“Não acredito que a Argentina venha para se defender. Eles têm jogadores de qualidade que atacam muito. O jogo assim rende mais”, disse o atacante Gabriel Jesus, que terá pela frente o zagueiro Otamendi, seu colega no Manchester City.
Voltar ao Mineirão em uma semifinal tornou impossível não recordar a derrota por 7x1 para a Alemanha, na mesma fase, no mesmo campo, na Copa do Mundo de 2014. Mas, ao encarar a Argentina por uma vaga na decisão da Copa América de 2019, o Brasil começará a partida com sua defesa bem mais sólida do que a vista há cinco anos no mesmo estádio.
“Ninguém aqui tem amnésia. Ninguém esqueceu o que aconteceu nem vai esquecer. Só que a gente não pode ficar pensando só nas coisas ruim que aconteceram. Vamos tentar ser agressivos e manter nosso padrão”, disse Thiago Silva, que estava na Copa de 2014, mas, suspenso, não atuou no jogo histórico contra os alemães.