Roberto Fernandes entra de vez na história do Náutico

Título era peça que faltava para um dos maiores treinadores da história do clube
Diego Toscano
Publicado em 09/04/2018 às 8:05
Título era peça que faltava para um dos maiores treinadores da história do clube Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


Desde que 2018 começou, ninguém estava mais nos holofotes no Náutico do que Roberto Fernandes. Contratado para ser o salvador na reta final da Série B, amargou o rebaixamento na lanterna até com jogador deixando o clube criticando o seu estilo explosivo. Mais: mesmo com várias passagens marcantes no Timbu na Série A, o treinador sabia que faltava um título para se eternizar entre os maiores técnicos da história dos alvirrubros. Não falta mais.

A vitória sobre o Central no último domingo (8) exorciza traumas, como a própria Série B do ano passado e o Pernambucano de 2010, quando o Náutico atropelou na fase classificatória e caiu para o Sport nas semifinais. Dentre todos que fazem o Timbu hoje, poucos ficaram mais felizes com o título do Pernambucano 2018 do que Roberto Fernandes. Até porque ele não é só profissional, mas também torcedor do clube da Rosa e Silva. “Vencer em Pernambuco não é fácil. É um campeonato sempre muito disputado, na capital só tem clássico e os times do interior sempre dificultam. E com aquele que é filho da terra, é mais complicado. Quando você vence, há uma satisfação grande. Agora que acabou, a comemoração é dupla. É do treinador e do torcedor”, declarou.

Roberto também enalteceu a importância da torcida para a nova geração de torcedores do Náutico. “No mundo de hoje, onde existe tanto bullying, tanta coisa que procura tirar a autoestima das pessoas, a quantidade de garotos abaixo de treze anos que torcem pelo Náutico, vibram com o clube e nunca viram o time ser campeão é grande. Torcer sem ser campeão é muito difícil, por isso esse título é importante para eles”, declarou.

Desde que aceitou o desafio de comandar o time em 2018, sabia a dificuldade que seria reerguer o Náutico, com ou sem títulos. “Trabalhar na sua cidade natal, onde tenho tantos amigos do meu dia a dia, acaba tendo uma responsabilidade maior. A cobrança não é anônima: tem nome e muitas vezes um grau de parentesco ou nível de amizade. Se já não é legal você decepcionar um estranho, que dirá uma pessoa próxima a você. Tenho muita noção dessa responsabilidade e confesso que estou tentando trabalhar isso dentro de mim para que não seja um fator que atrapalhe, mas que agregue a essa caminhada em 2018”, explicou o treinador, ainda em dezembro do ano passado, ao JC.

NOS NÚMEROS

Porém, antes mesmo do título estadual, Roberto já tinha um lugar especial. Nos números, é o terceiro técnico que mais comandou o Náutico em número de partidas. Contra o Central, completou o seu 178º jogo pelo Timbu, com mais de 1000 dias no comando do Timbu juntando as quatro passagens. Fica atrás apenas do multicampeão Duque (187 partidas), da vitoriosa década de 60, e de Palmeiras (221), dos anos 50. Os dados são do historiador Adethson Leite. As comparações, porém, nunca preocuparam o treinador.

“Eu não me preocupo muito com a questão de comparação, honestamente. Acho que o número de jogos e o tempo como comandante, além das competições em que dirigi o clube, de alguma forma já me credencia a estar entre os destaques. Mas acho que o Náutico teve grandes treinadores e eu não tenho essa vaidade. A minha vaidade é de quando terminar a minha passagem é poder ter deixado um legado importante, ter contribuído para a evolução e história do clube”, disse.

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