Oito jogos, cinco gols e duas assistências. Os números não mentem que o meia Jean Carlos tem sido o principal jogador do Náutico neste início de temporada. As boas atuações do jogador, no entanto, vão além dos números positivos. Bem fisicamente, o camisa 10 alvirrubro tem comandado o ataque, controlado o meio de campo, além de ser o homem das bolas paradas do time. Antes de acertar com o Náutico, o meia havia ficado com um pé atrás para jogar uma Série C, mas hoje, entende que a decisão de defender as cores vermelha e branca foi a melhor que tomou durante a carreira. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, Jean Carlos comentou sobre sobre o atual momento no Náutico, planejou o futuro no clube, lembrou o início no futebol, problemas com bebidas e outros temas.
Minha família toda sempre gostou de futebol, meu pai, meus tios, primos, eu nasci chutando bola praticamente, então sempre tive o sonho de ser jogador de futebol, como a maioria das crianças e consegui me tornar um profissional. Tudo começou no Marília-SP, cheguei lá cedo, com 14 anos, fiquei um tempo e depois passei pelo Palmeiras na base e também tive algumas oportunidades no profissional, foi quando eu comecei a rodar: São Bernardo, Vila Nova, São Paulo, Goiás, Novorizontino, Coritiba, Mirassol e no ano passado eu tive a oportunidade de vir para o Náutico e sou muito feliz por ter aparecido o Náutico na minha vida, foi o clube que me trouxe de volta para o futebol. Estou feliz demais, por tudo que aconteceu no ano passado, por esse começo de temporada, sabemos que é muito pouco ainda, temos muito o que conquistar e vamos conquistar.
Para mim foi difícil, mas acho que para a minha mãe foi ainda mais. Ela foi parar no hospital, teve um começo de infarto quando eu saí de casa. Sou o único filho homem, tenho mais duas irmãs e quando eu saí fiquei sabendo depois de um tempo, porque ela não me contou, já que a minha família sempre me apoiou para eu me tornar o que sou hoje. É sempre difícil na base, é onde começamos, dormi debaixo de arquibancada, não tem muita estrutura, mas quando se tem um sonho, até porque a única coisa que eu sabia era jogar futebol, então acredito que se passa por tudo isso. Acho que o começo para todos é difícil, não foi diferente para mim, mas não tenho o que reclamar, nunca passei por dificuldades, isso não tenho o que me queixar, foi difícil, mas me adaptei para correr atrás do meu sonho.
Não foi por questão de dinheiro. Me perdi, na época gostava de beber, de sair, isso não é segredo para ninguém e infelizmente isso me prejudicou muito na minha carreira. Hoje eu reconheço isso, o maior culpado foi eu e quando vim para o Náutico queria voltar a ser o Jean Carlos do Vila Nova, que foi uma das minhas melhores temporadas, que me levou ao São Paulo. Aqui estou só com a cabeça no futebol, estou podendo colher frutos e se Deus quiser essa temporada será uma benção para mim e para o clube.
Ela é evangélica, sempre foi uma pessoa que me ajudou bastante. Ela simplesmente nunca me obrigou a nada, ia para a igreja e eu ficava em casa e chegou uma hora que Deus me tocou, foi onde comecei a conhecer e tudo começou a mudar. Até hoje ela pega no meu pé, me cobra muito, quando eu me estresso dentro do campo ela me tranquiliza, então mudei também dentro de campo, eu era um jogador muito estressado, discutia muito com os árbitros. Hoje sou muito mais tranquilo e hoje dentro do futebol tem que ter muita concentração, porque a qualquer momento você pode mudar uma partida.
Quando eu tive a proposta do Náutico realmente eu não queria vir, não queria jogar a Série C, não conhecia, mas se tratando do Náutico eu sabia que era um momento ruim que estava passando. me apresentaram um planejamento muito bom e foi quando eu aceitei. Ir para o Náutico foi a melhor escolha que eu tive na minha carreira, pela oportunidade, torcida, a diretoria e o grupo me acolheram muito bem quando eu cheguei, fiquei muito à vontade, isso ajuda bastante.
Tenho pouco tempo aqui no Náutico ainda, sou um cara que me cobro muito, e vim com a intenção de fazer o maior número possível de jogos, fico feliz demais quando dou uma assistência e vejo meus companheiros fazendo gol, gosto também de fazer gol, mas fico feliz de dar assistências. É um começo bom para mim e para a equipe, não tem como negar, mas não é o que eu quero, a gente sabe muito bem que não adianta ganhar jogos, fazer gols, ter boas atuações e não conquistar títulos, isso não significa muito. Então o que eu planejo na temporada são títulos, conquistas e ao longo desses dois anos de contrato poder fazer o maior número de partidas, dar assistências, gols e dar alegrias ao torcedor que me acolheu muito bem e eu sinto esse carinho hoje aonde eu passo.