Comitê de Ética da Fifa suspende Valcke do futebol por 12 anos

Valcke foi condenado por cometer má conduta no uso de jatos particulares por ele próprio, destruição de provas e irregularidades na venda de direitos de televisão
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 12/02/2016 às 13:20
Valcke foi condenado por cometer má conduta no uso de jatos particulares por ele próprio, destruição de provas e irregularidades na venda de direitos de televisão Foto: Foto: SEBASTIEN BOZON / AFP


Ex-secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke foi suspenso por 12 anos pelo comitê de ética da entidade gestora do futebol mundial. O órgão informou nesta sexta-feira (12) que Valcke foi condenado por cometer má conduta no uso de jatos particulares por ele próprio, destruição de provas e irregularidades na venda de direitos de televisão e de ingressos da Copa do Mundo. 

"O senhor Valcke agiu contra os interesses da Fifa e causou considerável prejuízo financeiro para a Fifa, enquanto os seus interesses privados e pessoais prejudicaram a sua capacidade de desempenhar adequadamente suas funções", afirmou o Comitê de Ética da Fifa. 

A pena imposta a Valcke é quatro anos maior do que as sanções de oito anos proferidas para o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o presidente da Uefa, Michel Platini, em dezembro, por conflito financeiro de interesse.

A suspensão ocorre um mês após o dirigente francês, de 55 anos, ser demitido pela Fifa. Ele havia sido suspenso em setembro passado. A demissão foi baseada em um relatório interno sobre sua conduta, incluindo o uso de despesas e jatos particulares.

A Fifa encomendou esse relatório após um empresário envolvido na venda de ingressos para a Copa do Mundo de 2014 acusar Valcke de montar um esquema para lucrar com a venda dessas entradas através do mercado negro, em escândalo revelado por dez jornais do mundo, incluindo O Estado de S. Paulo. O esquema teria ágio de mais de 200% nos valores das entradas, envolvendo mais de 2 milhões de euros (R$ 9 milhões) apenas para o bolso do dirigente

A denúncia foi apresentada por Benny Alon, empresário que desde 1990 trabalha com a venda de entradas para as Copas, e provocou a suspensão de Valcke e a abertura de uma investigação pelo comitê de ética da entidade. Sua empresa, a JB Marketing, ainda apontou para o "desaparecimento" de 8,3 mil entradas para a competição, que teriam de ser vendidas por eles no torneio. 

"Durante o decorrer das investigações, vários outros atos de potencial má conduta surgiram", disseram os juízes do Comitê de Ética da Fifa. "Ao viajar às custas da Fifa puramente por motivos turísticos, bem como repetidamente escolher voos privados para suas viagens ao invés de voos comerciais sem qualquer lógica de negócios para fazê-lo, o senhor Valcke ganhou uma vantagem para si próprio e seus parentes", disse o comunicado.

Anteriormente, reportagem do jornal suíço Tages Anzeige revelou que Valcke usou o jato privado da Fifa para viagens pessoais, levando inclusive seus filhos. Em 2012, o francês embarcou até Nova Délhi para uma reunião com a federação local. Mas aproveitou para dar um pulo também no Taj Mahal. 

"Verificou-se que o senhor Valcke tentou conceder os direitos de TV e mídia para as Copas do Mundo de 2018 e 2022 a um terceiro por um valor muito abaixo do real de marcado e tinha ações preparatórias concretas em relação a isso", acrescenta o comitê. "O senhor Valcke deliberadamente tentou obstruir os processos em curso contra ele ao tentar eliminar ou excluir vários arquivos e pastas relevantes para a investigação". 

Valcke ficou conhecido por ter sugerido que o Brasil levasse um "chute no traseiro" pelos atrasos na obras da Copa do Mundo de 2014. Ele assumiu o cargo de secretário-geral da Fifa, sendo o número 2 da entidade, em 2007.

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