A terça-feira (26/06) foi de despedida para a família do goleiro João Henrique, de 21 anos, falecido na segunda (25/06) após ter sido atropelado por um ônibus na Avenida Sul, área central do Recife. O arqueiro iria defender o Íbis na próxima Série A2 do Campeonato Pernambucano. Seu corpo começou a ser velado no Memorial Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, e enterrado sob forte comoção de amigos, parentes e companheiros de clube.
Para o técnico do Íbis, Ricardo Costa, o legado que João deixa na equipe rubro-negra é o da superação. "Ele era o primeiro a chegar ao treino e sempre ficava depois. Trabalhei com ele no ano passado e iria trabalhar agora também. Todos os atletas que atuaram com João em 2017 estão aqui. Vamos jogar a Série A2 por ele", afirmou.
Bastante abatida, a mãe de João, Gabriela Pedrosa, era amparada pelos familiares a todo momento. O velório lotou uma das salas do Memorial Guararapes. "João era um alegre, sempre feliz", relembra.
Todos os órgãos do jogador foram doados. Apenas o pâncreas não pôde ser cedido a outra pessoa. Para a mãe, Biscoitão, como era conhecido, cumpriu a sua missão na terra.
"Deus sabe fazer tudo. A missão dele aqui foi salvar vidas. Estava tudo perfeito (os órgãos). Deus quis isso, que ele desse a outras famílias a oportunidade de ver outras pessoas sorrirem. A gente não via ele triste, só sorrindo", completou.
Quem também estava bastante emocionado com a perda precoce do goleiro foi Ozir Ramos Júnior, presidente do Íbis. O mandatário classificou o arqueiro como um filho.
"A dor é muito grande. Infelizmente aconteceu essa fatalidade. O Íbis sente muito a morte do João. Ele era um menino do bem, que não fazia mal a ninguém", disse, intercalando as palavras com momentos de pausa para conter as lágrimas.
João Henrique, assim como quase todos os jovens que sonham com o futebol, também tinha os seus ídolos no esporte. E um dos atletas que o jovem arqueiro se espelhava era o goleiro Alex Muralha, ex-defensor do Flamengo e atualmente no Albirex Niigata, do Japão.
"Ele chegou a deixar a barba crescer uma vez e até cortou o cabelo igual ao do Muralha. Gostava muito de acompanhar esse jogador", afirma Gabriela.
João Henrique foi atropelado por um ônibus da empresa Metropolitana enquanto ia na garupa de uma bicicleta até a praia do Pina, local onde costumava treinar quando não estava defendendo nenhum clube. Segundo a família, o motorista do veículo prestou os primeiros socorros ao jovem após o acidente. Quem conduzia o bicicleta era Matheus Alves, que segue internado no Hospital da Restauração.
O jogador ficou em coma no HR até ter a morte cerebral ser decretada na manhã da última segunda-feira. Seu corpo começou a ser velado no mesmo dia e enterrado nesta terça, às 14h, no Memorial Guararapes. A família ainda não definiu se irá acionar a empresa de transportes na Justiça.