Maria Sharapova está fora de Roland Garros. Nesta terça-feira, a Federação Francesa de Tênis negou convite à tenista russa flagrada em exame antidoping em janeiro do ano passado. A ex-número 1 do mundo, dona de dois títulos no Grand Slam francês, não recebeu o chamado "wild card" nem mesmo para disputar o qualifying, fase preliminar da competição que dá vaga na chave principal.
Com a decisão da Federação Francesa, a badalada tenista não competirá em Paris neste ano. Atualmente ela é a 211ª tenista do ranking, posição insuficiente para entrar até no qualifying. Sharapova perdeu toda a pontuação na lista da WTA nos últimos 15 meses, quando cumpriu suspensão por ter dado exame positivo para a substância Meldonium, considerada dopante desde 1ª de janeiro de 2016. A russa foi flagrada na segunda quinzena daquele mês.
A punição inicial era de dois anos, mas ela obteve a redução na Corte Arbitral do Esporte (CAS) no ano passado. Neste período de 15 meses, a tenista russa ficou totalmente afastada das competições, sem conseguir defender os pontos conquistados na temporada anterior.
A suspensão gerou forte repercussão no mundo do esporte e Sharapova recebeu críticas até de colegas de circuito. Nas últimas semanas, o assunto ganhou ainda mais expressão porque Sharapova passou a ganhar convites para disputar a chave principal de grandes torneios, sem precisar passar pela fase de quali.
Líderes dos rankings masculino e feminino, o escocês Andy Murray e a alemã Angelique Kerber reclamaram publicamente dos convites, que poderiam ser considerados uma premiação ao doping da russa. Debaixo destas críticas, Sharapova voltou às competições em Stuttgart, em 26 de abril, um dia depois de encerrado o período de suspensão. Depois competiu em Madri e estará em Roma nesta semana.
Os convites aumentaram a polêmica porque os torneios acabaram preterindo tenistas consagradas da casa, em favor de Sharapova. Foi o que aconteceu em Roma, com a ausência de Francesca Schiavone, campeã de Roland Garros. Via de regra, o "wild card" é usado pelos torneios para dar chance a jovens tenistas da casa ou para beneficiar veteranos que estão sem ranking por motivos de lesão ou doença.
Ausente dos últimos torneios Grand Slam, a tenista russa tinha como maior meta competir em Paris. Para tanto, passou os últimos meses tentando convencer os organizadores de Roland Garros de que merecia o convite.
Sharapova fez o pedido público ainda em fevereiro. Mas a Federação Francesa de Tênis rejeitou o convite. Mas aceitou uma reunião com ela, em Indian Wells, nos Estados Unidos, para discutir o assunto, no início de março. Desde então, a entidade vinha fazendo mistério sobre a decisão porque resistia a dar convite a uma tenista punida por doping. O ato poderia ser interpretado como uma "premiação" pelo erro de Sharapova.
Uma possível solução para o caso, que passou a ser discutida nos bastidores de Roland Garros, seria conceder um convite para a russa disputar o qualifying. Assim, Sharapova teria que vencer as três rodadas da fase de classificação para conseguir a vaga almejada na chave principal de Paris.
Mas, nesta terça, nem esta possibilidade foi dada à russa, uma das maiores celebridades do esporte mundial. Ao fazer o anúncio em transmissão de vídeo ao vivo, o presidente da Federação Francesa, Bernard Giudicelli, afirmou que informou Sharapova sobre a recusa do convite antes do anúncio oficial.
Fora do saibro de Roland Garros, ela pode sonhar agora com a grama de Wimbledon. Sharapova deve fazer seu retorno a um Grand Slam em Londres, em julho. Até lá deve conseguir somas os pontos necessários para ao menos entrar no quali. Também deve tentar um convite, caso não volte ao Top 100 a tempo de entrar direto na chave principal do torneio londrino.