Um dia após a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) recomendar novas punições à Rússia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) defendeu as sugestões da entidade e pediu sanções pesadas às autoridades russas, acusadas de manipular dados sobre doping de diversos atletas nos últimos anos.
"O COI condena nos termos mais fortes as ações dos responsáveis pela manipulação dos dados do laboratório de Moscou antes de serem transferidos para a Agência Mundial Antidoping em janeiro de 2019. Essa manipulação flagrante é um ataque à credibilidade do próprio esporte e é um insulto ao movimento esportivo em todo o mundo. O COI vai apoiar as sanções mais pesadas contra todos os responsáveis por esta manipulação", anunciou o COI, em comunicado oficial.
A manipulação a que se refere o COI aconteceu, segundo a Wada, no início do ano, quando autoridades russas entregaram dados relativos às amostras de testes antidoping realizados pelo laboratório de Moscou nos últimos anos. Esta era uma das duas principais exigências das autoridades mundiais para liberar o país para competir normalmente nos principais eventos esportivos do planeta - a outra exigência era aceitar publicamente o resultado do Relatório McLaren, que deu origem ao escândalo iniciado em 2015.
Nos últimos meses, contudo, surgiram evidências de que parte destes dados foram alterados ou apagados pelas autoridades russas. Além disso, há suspeitas de que esforço para plantar informações falsas com o objetivo de implicar negativamente Grigory Rodchenkov, ex-diretor do laboratório russo e principal delator do esquema russo de doping.
A manipulação dos dados foi confirmada pela própria Wada na segunda ao recomendar, através de um dos seus painéis, novas punições aos russos. A entidade sugeriu medidas drásticas, como proibir o país de sediar grandes eventos do esporte por quatro anos, mesmo período em que os atletas da Rússia não poderiam defender a bandeira do país nas competições.
Isso já havia acontecido com os esportistas do atletismo da Rússia nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, e, de forma mais ampla, na Olimpíada de Inverno de Pyeongchang, no ano passado. A nova sanção alcançaria os Jogos de Tóquio-2020 e a Olimpíada de Inverno de Pequim, em 2022. Estas recomendações, contudo, ainda serão avaliadas pelo Comitê Executivo da Wada, no dia 9 de dezembro.
"O relatório da Wada prova que qualquer manipulação dos dados é de exclusiva responsabilidade das autoridades russas", disse o COI, que cobrou do laboratório russo que entregue todos os dados brutos dos atletas. "Este é um assunto de profunda importância porque a entrega dos dados brutos vai garantir a aplicação da justiça. Os culpados poderão ser devidamente punidos e os inocentes, protegidos. Desta forma, a sombra das suspeitas sobre a nova geração de atletas limpos da Rússia poderá ser removida ".
Em relação ao futuro, o COI disse que ainda vai avaliar eventuais punições à Rússia. "O COI salienta que os culpados devem sofrer a punição mais severa possível, devido à gravidade dessa infração. Dada a seriedade do caso, instamos fortemente a Wada a tomar medidas adicionais. Isso significa, em particular, que a Wada deve encaminhar todos estes documentos ao Conselho da Europa e à Unesco, tendo em conta a Convenção Antidoping do Conselho da Europa e a Convenção Internacional da UNESCO contra o doping no esporte."