Precisando de sete vitórias e um empate nos próximos nove jogos para chegar a margem de segurança de permanência na Série A, o Santa Cruz terá que fazer um milagre para não ser rebaixado para a Segundona do Campeonato Brasileiro. Após o título do Pernambucano e o inédito troféu da Copa do Nordeste, o Tricolor do Arruda pode fechar a temporada de forma melancólica. Mas o que deu errado no planejamento do Santa do primeiro para o segundo semestre?
Para achar respostas, profissionais do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) explicaram em três fatores a derrocada dos tricolores no ano. São eles: falta de reforços e contratações erradas, problemas financeiros, com bloqueio de cotas e atrasos de salários, e a demora para substituir o técnico Milton Mendes.
“O Santa Cruz subdimensionou a Primeira Divisão. Achou que o degrau era do mesmo porte dos anteriores, quando obteve os acessos. Errou. Da Série B para a Série A existe uma muralha. E o tricolor não soube escalar”, explicou Carlyle Paes Barreto, colunista do JC.
Para Carlyle, a manutenção da maioria das peças que colocou o Santa Cruz na elite do futebol brasileiro após 10 anos prejudicou. “Manter quase todo time titular que jogou a Segundona foi errado. Depois do título estadual e do Nordestão, o Santa pensou que teria grupo suficiente para disputar com os melhores. Errou de novo”, disse.
Após começar a Série A com tudo, sendo inclusive líder da competição por duas rodadas, o Santa entrou em queda livre. Quando isso aconteceu, as contratações para fazer o time reagir não surtiram efeito.
“O clube errou ao ter excesso de zelo nas contratações. A falta de dinheiro fez a direção contratar com cautela, o que trouxe alguns jogadores de qualidade abaixo da Série A. Os títulos do Pernambucano e Nordestão também prejudicaram o Santa Cruz. Mascararam a qualidade da equipe. Assim, o Santa Cruz demorou para contratar as peças que realmente precisava”, ressalta Thiago Wagner, repórter do Blog do Torcedor, do NE10.
Além das falhas dentro do campo, os problemas financeiros rondaram os bastidores do Tricolor do Arruda no segundo semestre. Hoje, o clube deve quase três meses de salários para comissão técnica e jogadores. Além disso, teve bloqueadas cotas de televisão e da Conmebol (Sul-Americana) por passivos trabalhistas de gestões passadas.
“O Santa perdeu o controle sobre o passivo trabalhista, permitindo o bloqueio das receitas do clube”, frisou Fábio Mendes, repórter do Replay, da TV Jornal, que também afirmou que a demora para trocar o técnico Milton Mendes foi fundamental para a queda.
“A direção tricolor perdeu o ‘timing’ pra tirar Milton Mendes, que já não conseguia extrair do grupo. Quando a mudança foi feita, já era tarde para Doriva dar uma outra cara ao time e indicar os próprios reforços.”