O Santa Cruz tem mais um desafio pela Copa do Nordeste neste sábado, às 16h, diante do Ceará, na Arena Castelão, em Fortaleza. A partida, que conta com transmissão exclusiva da TV Jornal, pode aproximar o Tricolor da classificação para as quartas de final do Regional. Entretanto, fora de casa, contra um adversário de Série A, a missão dos comandados de Leston Júnior não será fácil. Tentando se recuperar das oscilações de rendimento apresentadas neste mês de março, o elenco teve agora a semana “cheia” para descansar e treinar. A reportagem do Jornal do Commercio analisa o Alvinegro Cearense, que deve ser um dos adversários mais qualificados do Santa Cruz no ano.
O Ceará vem em sequência irregular nos últimos cinco jogos. Foram três empates, uma vitória e uma derrota, esta para o Corinthians, pela Copa do Brasil. No ano, foram 17 jogos, com sete vitórias, oito empates e duas derrotas. 29 gols marcados e 12 sofridos. Médias boas para o ataque e a defesa cearense. Entretanto, há pontos a se ressaltar.
Destes tentos marcados, 15 foram em três goleadas. Contra Sampaio Corrêa, pelo Nordestão (5 a 0), e duas pelo Campeonato Cearense - 4 a 0 no Floresta e 6 a 2 no Ferroviário, na última quarta-feira. Uma distribuição ainda irregular, mas que denota o poder de fogo do ataque alvinegro. Já a defesa tem uma média abaixo de um gol sofrido por jogo. Em jogadas rasteiras, demonstra bastante segurança. Contudo, o principal calo vem na bola aérea. Dos últimos seis gols sofridos pelo Ceará, cinco foram originados de bolas alçadas para a área. Característica que não está entre as principais do Santa Cruz, mas que pode ser explorada pelos corais.
O Ceará atua no 4-3-3, com dois volantes no meio de campo e dois pontas que costumam entrar na área. A equipe de Lisca tem como principal característica o jogo reativo, em que espera pelo erro do adversário para sair para o ataque em velocidade. Costume já demonstrado na grande arrancada que o manteve na Série A no ano passado. Entretanto, neste primeiro semestre, o Alvinegro é um dos times a ser batido no Estadual e Regional. Desta forma, seus adversários, em maioria, costumam jogar mais retraídos, fazendo com que os cearenses tenham que tomar as rédeas da partida.
Assim, o Ceará procura rodar a bola no ataque e busca as infiltrações dos seus pontas na área, em movimentos diagonais - o chamado ‘facão’. Felipe Silva ou Chico pelo lado direito, e Leandro Carvalho pela esquerda, costumam participar da construção das jogadas e centralizam bastante. Esta forma de jogar se dá também por Roger, o centroavante titular, sair da área e puxar a marcação, abrindo espaço para as entradas dos seus companheiros. Entretanto, a má fase do camisa nove tem gerado críticas da torcida. Em 11 jogos, foram apenas três gols assinalados. Mesmo assim, o time finaliza muito. Ao encontrar uma brecha, o chute é utilizado. Tanto que o alvinegro possui bons finalizadores de média e longa distância, como Ricardinho, Juninho e Leandro Carvalho.
Ricardinho é o principal articulador, distribuindo o jogo pelo meio e auxiliando na saída de bola da equipe. Outro ponto forte são as jogadas pelo lado direito, com as subidas de Samuel Xavier ao ataque. O lateral tem muita liberdade para subir e até a invadir a área. Para sair jogando, o Ceará abre seus alas e tenta fazer com que a bola chegue ao campo adversário pelos lados do campo. Entretanto, quando a bola chega à altura da intermediária, o time busca afunilar e se aproximar da meta adversária pelo meio. Para isso, além dos atacantes, Ricardinho e Juninho se aproximam pelo meio e Samuel Xavier abre pela direita como opção de desafogo. Então, para finalizar a jogada, o Ceará troca passes curtos visando invadir a área, ou procura espaço fora dela para chutar em gol.
Quando se defende, o Ceará costuma variar o seu posicionamento entre um 4-4-2, com duas linhas de quatro jogadores, e o 4-1-4-1. Neste segundo, o volante Fabinho é quem se posiciona na frente da zaga. No geral, o time se posta com uma marcação média, variando em momentos do jogo entre média-alta ou média-baixa. A pressão ao portador da bola se dá principalmente nos volantes adversários. Quando sofre um contra-ataque, o Alvinegro ainda não consegue se recompor rápido o suficiente. Assim, espaços são deixados e podem ser aproveitados por um time veloz e de bom passe.
O Ceará tem uma dupla de zaga sólida, com Luiz Otávio e Valdo. Ambos possuem boa imposição dentro da área, com força física. Entretanto, o problema dos comandados de Lisca - que ainda não foi resolvido - é o da bola área. A equipe tem mostrado dificuldades para marcar os adversários em cruzamentos e jogadas de bola parada. Tanto que tomou gol de Corinthians, Fortaleza e Ferroviário, seus três últimos adversários, em jogadas desta forma. Foram cinco dos seis sofridos. E parte das jogadas acontecem no lado direito alvinegro, com a dificuldade de marcação de Samuel Xavier.
A qualidade técnica do Ceará é bem superior à do Santa Cruz. Do meio para frente, o Alvinegro tem jogadores com capacidade de decidir o jogo, seja com uma jogada individual, ou um chute de fora da área. É um time que finaliza bastante e dá trabalho para a defesa adversária, com as trocas rápidas de passe e movimentação no ataque. Seu lado direito ofensivo é muito forte, logo, a atenção do Tricolor naquele setor deve ser maior ainda.
Defensivamente, o Vovô também tem qualidade e dá conta no nível das competições que enfrenta nos primeiros quatro meses do ano. Luiz Otávio é um bom valor, que foi um dos principais nomes da campanha da Série A de 2018. Porém, o calo da bola aérea tem dificultado a vida do Ceará. São falhas que apenas com tempo para trabalhar são possíveis de serem corrigidas. Mas com a maratona de jogos neste começo de ano, estes erros têm custado melhores resultados ao Ceará. Exemplo do empate diante do Fortaleza pelo Nordestão em 1 a 1, e a derrota para o Corinthians pela Copa do Brasil, em que levou 3 a 1.
O confronto será difícil, mas dentro das condições que o Santa Cruz apresentou no começo de 2019, se postando bem taticamente, dando poucos espaços, dá para conseguir um resultado positivo em Fortaleza. Porém, com o desempenho das últimas rodadas, é preciso que o Tricolor evolua para pontuar no Castelão.