Comissão da Verdade de São Paulo pede exumação dos restos mortais do motorista de Juscelino

Informação foi repassada pelo presidente da Comissão da Verdade de São Paulo, vereador Gilberto Natalini
Da Agência Brasil
Publicado em 22/10/2013 às 22:27


A Comissão da Verdade de São Paulo pediu a exumação dos restos mortais de Geraldo Ribeiro, motorista do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek. Geraldo morreu no acidente que também matou Juscelino.

“A última questão é que fomos a Belo Horizonte e entramos com uma ação na Justiça pedindo a permissão para fazer a exumação da ossada do motorista do Juscelino, Geraldo Ribeiro. Estamos esperando o juiz dar a decisão”, disse o presidente da Comissão da Verdade Municipal, vereador Gilberto Natalini, em entrevista desta terça-feira (22) à Agência Brasil.

A versão oficial do acidente aponta que Juscelino e o motorista morreram em agosto de 1976 em um acidente de trânsito na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. O carro colidiu com uma carreta após ter sido fechado por um ônibus. No entanto, a versão de morte acidental é contestada pela comissão.

Natalini disse ainda ter conversado, na semana passada, com o jornalista Wanderley Midei, em Aracaju (SE). Midei investigou a morte do ex-presidente Juscelino para o jornal O Estado de S. Paulo, em 1976. “Ele recebeu a notícia de que havia um buraco de bala no crânio do motorista. Ele disse ter ido então a Rezende e ao Rio de Janeiro, mas não conseguiu comprovar isso”, disse. “Estamos agora procurando testemunhas da época, que viram o acidente. Estamos investigando quem estava lá, tal como os guardas rodoviários”, completou Natalini.

Em setembro, a comissão pediu à Justiça a exumação do corpo de Geraldo Ribeiro. Em 1996, uma perícia feita pela Polícia Civil de Minas Gerais, no corpo do motorista, apontou a existência de um fragmento metálico no crânio. A explicação dada à época era que se tratava de um prego do caixão, mas a comissão acredita que possa ser um projétil de arma de fogo, o que indicaria que o ex-presidente foi vítima de um atentado.

Na manhã desta terça-feira, a Comissão da Verdade ouviu o depoimento de Carlos Eugênio da Paz, o Clemente, que participou da lutar armada pela Ação Libertadora Nacional (ALN), na qual também atuou Carlos Marighella.

Durante o depoimento, Clemente disse que as ações da ALN e de toda a luta armada no período da ditadura militar precisam ser analisadas à luz do que o país vivia na época. “Se vocês pensarem com a cabeça de hoje sobre o que acontecia no meio de uma guerra, vão considerar tudo um erro, só que aconteceu uma luta armada, guerra é guerra”, disse.

Para Clemente, mais importante do que contabilizar as vítimas da ditadura, é “responsabilizar a direita pelo golpe e todos os outros crimes”. “O golpe foi o crime que deu início a todos os outros”, ressaltou.

O presidente da comissão disse que Clemente será novamente ouvido. “Ele vai ter que voltar para terminar [o depoimento] em um outro dia”, disse o vereador. “Foi um relato histórico o que ele [Clemente] fez aqui. E isso será importante para o nosso relatório final”, declarou Natalini. 

Na sexta-feira (25) será inaugurada uma praça e um memorial em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, que foi torturado e morto nas dependências do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em outubro de 1975.

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