O governo do Estado do Rio começou no último fim de semana uma ação inédita de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya, em meio aos desfiles dos blocos de carnaval. Divulgadores distribuem camisetas, ventarolas, bastões infláveis e bexigas do bloco "Xô Zika", criado pelo governo para divulgar as formas de combate e o risco das doenças causadas pelo mosquito. Boletim divulgado nessa quarta, 27, pela Secretaria Estadual de Saúde informa que mais cinco casos de microcefalia - problema de má formação de bebês que pode ter ligação com o zika vírus - foram registrados no Estado do Rio desde o último dia 20. Desde 1º de janeiro de 2015 foram 171 casos.
No último sábado, o "Xô Zika" se infiltrou no cortejo do bloco Spanta Neném, promovido na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul. Crianças e adultos, principalmente as grávidas, vestiram a camiseta que alerta contra o transmissor do zika vírus. Ao todo, 505 blocos desfilarão pelas ruas do Rio até 14 de fevereiro, quando a folia será oficialmente encerrada. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, já foram distribuídas 3,5 mil camisetas, 8 mil ventarolas, mil bastões infláveis e 500 bexigas coloridas.
"Precisamos contar com a parceria da população para evitar a proliferação do mosquito, inclusive no período do carnaval. O combate ao Aedes aegypti começa dentro das nossas casas e o zika vírus representa um perigo maior para as grávidas porque pode causar a microcefalia nos bebês", disse o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Jr.
A Prefeitura do Rio também intensificou as ações de combate ao Aedes nos principais palcos do carnaval. Na terça, 26, 25 agentes fizeram vistoria e aspersão de inseticida no Sambódromo, região central. A ação será repetida toda semana até o carnaval e ocorrerá também nas quadras das escolas e na Cidade do Samba, onde as 12 principais escolas do Rio constroem os carros alegóricos e as alegorias.
As entidades do setor de turismo informam desconhecer, até agora, casos de desistência de viagens ao Rio motivada pela proliferação das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. "Tenho conhecimento de companhias aéreas dispostas a cancelamento sem ônus para mulheres grávidas que viajariam para países como o Brasil, mas mesmo assim não conheço casos em que os turistas tenham efetivamente desistido", afirmou Salvador Saladino, presidente da Associação Brasileira de Turismo Receptivo Internacional.
A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih-RJ) informou que não há, por enquanto, registros de diárias canceladas para o carnaval por causa das epidemias. Segundo a entidade, ocupação da rede hoteleira deverá ser de 85% no carnaval, que começará no próximo dia 6. Cerca de 1,02 milhão de turistas são esperados no Rio no período carnavalesco, informou a Riotur, empresa de turismo da prefeitura carioca.
Embora a dengue seja a doença mais conhecida transmitida pelo Aedes aegypti, é o zika vírus que mais tem causado apreensão, porque, quando acomete grávidas, pode resultar no nascimento de microcéfalos - má formação craniana caracterizada pelo perímetro cefálico menor ou igual a 32 centímetros. O resultado positivo para zika vírus não significa que o bebê será vitimado pela microcefalia - a ligação entre a doença e a má formação ainda está sendo estudada. No Estado do Rio, dos 171 casos de microcefalia registrados desde 2015, 137 bebês já nasceram e 34 ainda estão em período intra-uterino.